Está a crescer um movimento entre os jogadores contra o calendário excessivo, que os obriga a jogar partidas de três em três dias como regra e não exceção. Com as mudanças nas competições europeias e o Mundial de Clubes a fechar a época, a tendência é para ouvirem-se mais queixas.
O médio Rodri, do Manchester City, é o porta-voz perfeito deste movimento, sendo «um dos melhores do mundo, vencedor de tudo e mais alguma coisa» e «tão bom e tão inteligente a jogar que faz todo o sentido que também domine uma conferência de imprensa». Segundo o jogador espanhol, «se ninguém se preocupar com os jogadores, talvez tenham de ser eles a agir», chegando mesmo a ameaçar com uma greve.
Outras vozes do protesto
Outros jogadores de topo, como o guarda-redes Alisson, do Liverpool, e Bernardo Silva, também do Manchester City, têm-se juntado a Rodri nesta luta contra o excesso de jogos durante a época. Estes atletas alertam que a sobrecarga de partidas «vai trazer consequências – para os próprios e para o espetáculo».
«Mais do que ninguém, os jogadores querem estar sempre no seu melhor», compreende-se. E que são «as próprias competições a sair prejudicadas se assim não for», como se viu no Euro 2024, em que «quantas das maiores estrelas estiveram bem abaixo do que se esperaria».
Os jogadores como trabalhadores explorados
Os jogadores estão a perceber que são «trabalhadores (muito bem pagos) por vezes explorados para que o negócio dê mais e mais dinheiro». E é importante que falem da sua «saúde (também a mental), do pouco tempo que passam com a família, que queiram ter mais vida».
O papel do público
No entanto, há uma parte da equação esquecida: o futebol «só rende muito porque tem público (tanto os adeptos como os clientes, como o marketing os quer chamar)». E os jogadores só vencerão esta luta por um calendário mais simpático se tiverem «o público do seu lado».
Isso pode não ser fácil, pois «as pessoas que gostam de futebol ganham muito menos do que as que praticam futebol ao nível de Rodri, Alisson ou Bernardo Silva». E esse mesmo público «foi explorado cada vez mais nos últimos anos, pelos preços dos bilhetes ou das camisolas dos ídolos que tiveram de deixar de comprar, ou pela experiência que lhes querem vender e que só está acessível a alguns».
Portanto, «quando vemos protagonistas do Man. City, onde quase tudo é dinheiro e atropelos que aumentam a desigualdade entre clubes e ligas, a expor os seus problemas, sem até agora terem estado muito preocupados com o que o tal negócio está a fazer aos adeptos, a revolução parece menos entusiasmante».