A última Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica, realizada na semana passada, ficou marcada pela presença de cerca de 1000 sócios que debateram até altas horas da madrugada o estado do clube, apesar do chumbo das contas apresentadas pela direção.
Vasco Mendonça, consultor de Marketing, escreveu sobre a sua experiência neste evento, destacando a «dimensão humana» da reunião e rejeitando a ideia de que as decisões do clube não podem ser determinadas pelos sócios que participam nestas assembleias. Para o autor, a voz ali presente, «fosse de contestação ou crítica à direção, ou de apoio a esta, é representativa de vontades várias que residem no clube».
Críticas e elogios sem impacto no campo
Mendonça elogia o «tempo de que tanta gente abdica para vir discutir o estado da relação que mantém com o seu grande amor», mesmo perante «um défice tão grande de liderança consequente» no Benfica. Quanto à possível dramatização e espetacularização destes eventos, o autor reconhece que «não me parece bem que os sócios contribuam para um espectáculo que depende sempre da dramatização para vender bilhetes».
No entanto, Mendonça também compreende «os muitos milhares que gostariam de lá ter estado e não puderam» e defende que as assembleias gerais deveriam ser acessíveis a todos os sócios através da transmissão televisiva ou online. O autor rejeita a ideia de que as críticas e elogios feitos na assembleia possam afetar o desempenho da equipa no campo, pois «não será bem assim que a bola rola».
Benfica precisa de sócios engajados
Apesar das diferenças, Mendonça afirma que ouviu «várias vezes ao longo da noite» que «independentemente das diferenças, permanecemos unidos na vontade de ver o Benfica somar mais vitórias e sair mais forte de cada confronto com os seus adversários». O autor reconhece que o Benfica enfrenta «desafios enormes» a nível diretivo, desportivo e financeiro, mas acredita que o clube «estará sempre em melhores mãos enquanto tiver sócios acordados até às 3 da madrugada a cuidar dele».
Mendonça conclui com um apelo: «Deixem o Benfica continuar a ser exatamente assim. Plural, democrático, crítico e obcecado em ganhar mais. Posso garantir que não saímos dali mais perto de uma derrota. Não será isso um reforço da identidade do clube? Deixem o Benfica ser o Benfica.»