Lázio enfrenta consequências de racismo da sua claque
A famosa «Curva Nord» no Olímpico de Roma estará parcialmente desfalcada frente ao FC Porto, na quarta jornada da Liga Europa. Na sequência de comportamento racista de adeptos da Lázio na visita do Nice, a 3 de outubro, a UEFA puniu o clube com o encerramento de dois setores da referida bancada.
Apesar dos princípios igualitários que serviram de inspiração à fundação do emblema romano, em 1900, as últimas décadas viram os ideais fascistas, o racismo e a aproximação à extrema-direita tornarem-se marcas registadas dos grupos organizados de adeptos (GOA) «laziali».
O surgimento dos «Irriducibili»
Para este cenário, muito contribuiu a ascensão da claque «Irriducibili», criada em 1987 e que rapidamente angariou apoio de grupos políticos de extrema-direita e até de organizações criminais. Os neutros «Eagles Supporters» desmembraram-se e abriu-se espaço para a tomada de poder de um novo GOA na Curva Nord.
Figuras controversas como Paolo Di Canio - que tem uma tatuagem alusiva a Benito Mussolini - deram expressão ao movimento dos «Irriducibili», em oposição a Lilian Thuram, que rejeitou mudar-se para a Lázio devido a atitudes racistas da claque. O cadastrado Fabrizio Piscatelli, mais conhecido pela alcunha «Diabolik», liderou o grupo entre meados dos anos 90 e 2019, ano em que foi assassinado.
Estratégia da Lázio para contornar castigo da UEFA
Hoje em dia, os «Ultras Lazio» dominam a bancada destinada às claques e, ainda que menos comuns, as polémicas vão surgindo. Por outro lado, existe, desde 2011, o grupo antifascista «LAF», que até tem por hábito a organização de convívios com claques de clubes adversários e faz da promoção de uma relação saudável entre grupos organizados a sua bandeira.
Não obstante o castigo aplicado pela UEFA, a Lázio encontrou uma forma de contornar o encerramento dos setores 48 e 49 na Curva Nord. Os detentores de lugar anual na zona interditada poderão desembolsar a quantia simbólica de um euro para ocuparem outras cadeiras que estejam livres nas proximidades. Caso prefiram ir para outra zona do Estádio Olímpico, terão de pagar mais, mas, ainda assim, beneficiarão de desconto. De acordo com o jornal «Corriere dello Sport», o organismo que tutela o futebol europeu não ficou agradado ao tomar conhecimento da estratégia «laziale», mas não avançou com medidas impeditivas.