O defesa brasileiro Danilo, de 32 anos, partilhou alguns dos momentos mais marcantes da sua carreira, incluindo a sua chegada em 2015 ao Real Madrid, proveniente do FC Porto, onde tinha estado nas três épocas anteriores.
Num artigo escrito no The Player's Tribune, Danilo recorda que a sua transferência por 31 milhões de euros o fez tornar-se no defesa mais caro da história do Real Madrid, um rótulo que acabou por se revelar demasiado pesado.
Depressão na primeira época no Real Madrid
«Durante a primeira temporada sofri uma depressão. Estava perdido, sentia-me inútil. Em campo não conseguia fazer um passe de mais de cinco metros, era como se não me conseguisse mexer. A paixão pelo futebol tinha desaparecido. Queria voltar para o Brasil e nunca mais jogar. Não me via como o 'Baianinho', mas como o 'Danilo que tinha assinado contrato de 31 milhões de euros', como noticiavam os jornais, o defesa mais caro do Real Madrid», descreve.
O pior momento chegou na temporada seguinte, 2016/17, num jogo contra o Alavés. «Theo Hernández roubou-me a bola cruzou para Deyverson marcar. Ganhámos por 4-1, mas é um erro que não se pode cometer no Real. Nunca me esqueci que cheguei a casa nessa noite e não consegui dormir. Escrevi no meu caderno: 'acho que é hora de abandonar o futebol'. Tinha 24 anos. Que parte de mim sentia pressão? O rapaz que tinha sido revelação como lateral direito no FC Porto? Ou o menino de Bicas que, de repente, tinha assinado com a maior equipa do mundo? A resposta foi clara. Por dentro, era, e serei sempre, o menino de Bicas», assume.
Consulta de um psicólogo ajudou a salvar a carreira
Danilo refere que começou a consultar um psicólogo, o que «salvou a [sua] carreira». Apesar das dificuldades iniciais, o defesa brasileiro fez 54 jogos pelo Real Madrid, vencendo 5 títulos, incluindo duas Ligas dos Campeões.
Pedido de paciência com a Seleção Brasileira
Agora à beira de se estrear com o Brasil na Copa América, Danilo pede paciência. «Durante muito tempo, não fomos suficientemente bons. Isto não significa que não tentámos, que não nos dedicámos ou que não sentimos a dor da derrota. Não me interpretem mal, ninguém sabe o quanto cada um de nós se sacrificou para estar aqui. Abrimos mão de tudo pela Seleção Brasileira. Como eu sempre digo antes dos jogos, somos um grupo com muita fome, com muito orgulho de representar o nosso país. Ao mesmo tempo, vemos e ouvimos o que é dito sobre nós. De alguma forma, não fomos capazes de mostrar o quanto estamos dispostos a sacrificar-nos por esta camisola. Aproveitei esse período de preparação para a Copa América para enfatizar que a única maneira de mudar essa imagem é dar tudo de nós em campo», escreve.