Planos da FIFA em risco
O alargado Mundial de Clubes da FIFA, que pela primeira vez contará com a participação de 32 equipas, entre elas o Benfica e o FC Porto, enfrenta uma série de problemas organizativos que ameaçam a sua realização. Estes desafios colocam em risco os avultados montantes financeiros que os clubes portugueses esperavam encaixar com a sua participação na competição.
Desde o seu anúncio, o Mundial de Clubes nunca esteve livre de contestação e dúvidas quanto à sua realização. Alguns dos maiores clubes do planeta chegaram a ameaçar boicotar a prova, e até os próprios futebolistas falaram em greve.
Problemas financeiros e logísticos
Nunca, como nos tempos mais recentes, esta competição, que se realizará entre 15 de junho e 13 de julho nos Estados Unidos, esteve num nível tão elevado de risco de não se realizar. Isto deve-se a uma série de questões que, a pouco mais de oito meses do pontapé de saída, já deveriam estar definidas, à semelhança do que acontece com outras grandes provas organizadas pela FIFA.
«Só um jogo nosso vale 20 milhões e a FIFA quer dar-nos isso para todo o torneio. Podem esquecer! Jogadores e clubes não vão participar», afirmou em junho o treinador do Real Madrid, Carlo Ancelotti, amplificando a contestação dos grandes emblemas.
De facto, o Mundial de Clubes ainda não tem recursos financeiros próprios, nem sequer patrocinadores, e as cidades-sede e os estádios ainda não foram definidos. Pior ainda, os prazos para a apresentação de propostas de direitos televisivos em grande parte do mundo expiraram esta semana, e ninguém apareceu.
Incerteza sobre prémios financeiros
Sem TV e sem cidades/estádios, é difícil atrair patrocinadores. E há ainda a questão dos prémios financeiros para os clubes, com os quais o Benfica e o FC Porto já contavam. Por esta altura, os clubes deveriam ter o próximo verão totalmente planeado, incluindo orçamentos, mas da FIFA recebem apenas silêncio. A expectativa inicial dos clubes era receber entre 25 e 40 milhões de euros, valor que, agora, dificilmente será possível de alcançar.
Contestação dos jogadores
Junte-se a isto as queixas recentes, e ameaças de greve, de algumas estrelas do jogo sobre o calendário apertado, e facilmente se percebe que o caldo está entornado.
O presidente da FIFA, Gianni Infantino, reuniu um gabinete de crise e convocou as estações de televisão de todo o mundo. Os resultados deste esforço ainda demorarão a ser conhecidos, sabendo-se que nos planos do organismo que regula o futebol mundial esperava faturar 3600 milhões de euros, o dobro dos 1,8 mil milhões em despesas previstas no orçamento inicial.
Perante este cenário, a realização do Mundial de Clubes, que deveria ser uma das grandes novidades do futebol mundial em 2025, parece cada vez mais ameaçada, com os clubes portugueses, nomeadamente o Benfica e o FC Porto, a poderem perder avultadas verbas que já contavam encaixar com a participação na competição.