O Tribunal de Instrução Criminal do Porto iniciou esta quarta-feira, pelas 9h15, o segundo dia de visualização das imagens de videovigilância do pavilhão Dragão Arena, no âmbito da Operação Pretoriano, que tem entre os arguidos o ex-líder dos Super Dragões.
Depois de se ter remetido ao silêncio em 28 de outubro, no início da fase de instrução, o antigo dirigente de um dos grupos organizados de adeptos afetos ao FC Porto regressou ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) por volta das 8h50, para nova sessão de diligências à porta fechada. A sua mulher e ex-vice presidente da claque Super Dragões, Sandra Madureira, chegou cerca de 20 minutos depois, optando por não prestar declarações aos jornalistas.
Visualização de 23 horas de imagens
A juíza de instrução criminal aceitou que fossem visionadas as mais de 20 horas de imagens em bruto das câmaras de videovigilância do Dragão Arena, onde houve vários incidentes e agressões durante uma Assembleia Geral (AG) extraordinária do FC Porto, em 13 de novembro de 2023. No entanto, indeferiu o requerimento dos arguidos para a audição de testemunhas no debate instrutório.
São 23 horas de imagens, claro que é uma estratégia da defesa, mas é importante para percebermos tudo o que se passou desde o início até ao fim, em vez de ficarmos só pelos relatórios que apenas especificam momentos
, disse Adélia Moreira, advogada de um dos arguidos.
Contestação das acusações
Em nome do seu constituinte, José Pedro Pereira, que está acusado de vários crimes, entre eles uma agressão a pontapé que admitiu, Adélia Moreira considerou que as restantes acusações não fazem sentido nenhum
.
Também as advogadas Susana Mourão e Cristiana Carvalho, defesa de Vítor Catão e Fernando Saul, respetivamente, salientaram a importância da visualização integral das imagens para esclarecimento de dúvidas.
Decisão instrutória até 7 de dezembro
A decisão instrutória tem de ser conhecida até 7 de dezembro, quando se completarem 10 meses desde a aplicação do regime de prisão preventiva ao ex-líder dos Super Dragões.
Em causa está a designada Operação Pretoriano, cuja acusação do Ministério Público (MP) denuncia uma eventual tentativa de os Super Dragões criarem um clima de intimidação e medo
numa AG do FC Porto para que fosse aprovada uma revisão estatutária do interesse da direção
do clube, então liderado por Pinto da Costa.
Arguidos e acusações
Fernando Madureira é o único arguido em prisão preventiva, enquanto os restantes oito foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.