Rui Borges: Reflexões sobre o Passado e Desafios no Futebol

  1. Rui Borges compartilha memórias do avô
  2. Impacto da fama na vida pessoal
  3. Estilo de liderança amigável
  4. Desafios emocionais como treinador

Rui Borges, o treinador do Sporting, revelou em entrevista ao programa “Alta Definição”, da SIC, como o falecido avô influenciou a sua vida pessoal e profissional. Emocionado, recordou: “Foi a primeira pessoa que perdi. Saudades tenho do meu avô. Significou muito, acima de tudo a maneira de ser própria, a forma tranquila de viver, sem grandes luxos, simples no seu caráter e personalidade. Foi a pessoa que mais me custou perder. Sinto a presença dele todos os dias, tenho-o tatuado no braço.” Esta marca indelével é uma lembrança constante da relação especial que mantinha com o seu avô, que era sapateiro. Borges continuou: “Quando fomos bicampeões, foi a primeira pessoa que me veio à cabeça. Deve estar orgulhoso. Claro que adoro todos os meus avós, foram muito rapidamente nos últimos anos. Mas ele marcou-me porque tínhamos uma ligação muito forte.”

Ele também partilhou pequenos momentos que ficaram gravados na sua memória, mencionando como simples ações do avô, como ir às compras, enchiam-no de alegria. “Para ele ir às compras, com 80/90 anos, trazer rebuçados de mentol, era uma coisa do outro mundo. Enchia-me de felicidade. As pessoas eram mais frias, sei que em alguns momentos foi frio para com os meus primos, mas tinha uma relação mais própria comigo. Para mim era muito claro. Essas pequenas demonstrações de carinho diziam muito. Era um gosto enorme ouvir as suas histórias.”

Os Desafios de Ser Treinador

Além das memórias familiares, Rui Borges refletiu sobre os desafios de ser treinador e o impacto disso na sua família. Sobre a sua mãe, comentou: “Se não ligo, diz logo. É difícil de lidar porque sofre muito com o futebol, verbaliza mais. Estes quatro meses foram uma aprendizagem para todos. Houve coisas que jamais imaginaria ouvir sobre o filho, dúvidas sobre o caráter e personalidade do filho.” Esta pressão familiar é um aspecto que Borges tem lidado enquanto ajusta a sua nova realidade no mundo do futebol.

Borges explicou ainda que a intensidade do futebol pode ter consequências não apenas na sua vida, mas também nas relações com aqueles que ama. A capacidade de gerir essa pressão é fundamental para o seu desempenho como treinador e para manter a harmonia familiar.

Estilo de Liderança

Borges também revelou o seu estilo de liderança e como comunica com os jogadores. “Em muitos momentos sim. Falo as coisas de forma natural, às vezes até a brincar. Por exemplo, digo: 'Ontem a correr para trás está quieto.' E ele ri-se, mas levou a mensagem de que deveria ter defendido mais. O jogador é um ser humano, ninguém gosta de ser chamado a atenção de forma bruta. Sou de passar a mensagem de forma leve.” Esta abordagem amigável demonstra a sua compreensão da carga emocional que cada jogador enfrenta.

O treinador acredita que o diálogo e o respeito mútuo são essenciais para construir um ambiente positivo dentro da equipa, onde todos podem crescer e evoluir.

Respeito e Tolerância

Quando questionado sobre o que não tolera em campo, Rui Borges foi claro: “A única coisa que não tolero é faltas de respeito. O respeito tem de imperar sempre. Opiniões aceito, não fugindo ao que é a minha ideia. Gosto muito de ouvir os jogadores, só assim se ligam à minha mensagem.” Essa filosofia de respeito e diálogo é essencial para ele.

Para Borges, a construção de uma equipe forte baseia-se na confiança e no respeito, fatores que, segundo ele, são cruciais para o sucesso dentro e fora de campo.

Gestão da Pressão

A pressão de ser treinador também tem o seu peso, especialmente após uma derrota. Rui Borges admitiu: “Primeiro, segundo dia, ainda custa. Ainda vou mais trancado e a equipa em alguns momentos também. Depois é acreditar e levar o dia a dia de forma feliz, desfrutar do que fazemos. Não tenho por hábito ir ao balneário depois dos jogos, é um momento de muita frustração e alegria. Nessa frustração às vezes pode dizer-se coisas que não são as melhores. Enquanto líder, nunca fui ao balneário.” Esta decisão reflete a sua compreensão da dinâmica emocional do futebol.

A gestão das emoções após um jogo é fundamental não apenas para o treinador, mas também para os jogadores, que precisam de tempo para processar os resultados.

A Fama e a Conexão com os Adeptos

Por fim, Rui Borges abordou a fama que vem com o cargo e como isso afeta a sua vida pessoal. “Tem sido mais difícil na rua, mas é bom sentir o carinho e eu gosto muito. Não tive nada que não fosse de carinho. Não consigo sair da Academia e não parar. Há pessoas que estão ali 4/5 horas à espera.” O carinho dos adeptos é algo que ele valoriza imensamente, e a conexão que sente com eles é um testemunho da sua paixão pelo futebol.

Apesar da pressão e das dificuldades, o apoio dos fãs é um dos aspectos mais gratificantes do seu trabalho, tornando a jornada como treinador ainda mais significativa.