Numa extensa entrevista à TVI, Jorge Nuno Pinto da Costa, histórico presidente do FC Porto, falou sobre diversos temas que marcaram a sua longa passagem pelo clube, desde a sua relação com figuras controversas como Fernando Madureira até à saída de Sérgio Conceição.
«Amigo» Madureira e a mobilização de adeptos
Sobre Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, Pinto da Costa afirmou que «não põe as mãos no fogo por ninguém», mas considera que este está «preso injustamente». O ex-presidente portista defendeu que «nunca agrediu ninguém» durante as assembleias-gerais do clube, tendo apenas «mandado sentar as pessoas». Pinto da Costa revelou ainda que, numa assembleia anterior em que André Villas-Boas votou contra as contas, «quem o foi levar ao carro foi o Fernando Madureira», o que demonstra que este «não tinha nenhum problema» com o antigo treinador.
Quanto aos alegados ganhos financeiros de Madureira com a mobilização de adeptos, Pinto da Costa admitiu que «algum dinheiro acho que ganhou», uma vez que tinha «um contrato com o FC Porto» para a compra de bilhetes, dos quais «uns ficavam na claque e outros vendiam para, creio, cobrir as despesas dessas deslocações». No entanto, o ex-dirigente garantiu que essa situação «não foi graças» a si.
Traição de Vítor Bruno a Sérgio Conceição
Outra figura central nesta entrevista foi Sérgio Conceição, atual treinador do FC Porto. Pinto da Costa abordou a polémica saída de Vítor Bruno, antigo adjunto de Conceição, para o estrangeiro, revelando que este «há um mês tinha sido contactado pelo Antero Henrique para ser presidente do FC Porto».
Segundo o ex-presidente, Conceição «sentiu-se traído» porque, na véspera, Vítor Bruno lhe tinha dito que ia treinar no estrangeiro, mas, na realidade, já tinha sido contactado por Antero Henrique para assumir o comando técnico dos dragões. Pinto da Costa afirmou que, após este episódio, Conceição «terminou imediatamente a reunião com o André Villas-Boas» e disse que «a partir de agora, o que temos de tratar, é com o meu advogado. Não quero ficar. Só ficava nas outras condições».
Impossível ganhar a Champions sem Sérgio Conceição
Questionado sobre a possibilidade de o FC Porto vencer a Liga dos Campeões com Vítor Bruno no comando técnico, Pinto da Costa foi perentório: «Sinceramente... Com o Sérgio seria muito difícil. Sem o Sérgio, não vou dizer que é com o Vítor Bruno, é impossível. Infelizmente.»
O ex-presidente portista revelou ainda que, apesar das dificuldades, não se arrepende de ter renovado o contrato de Sérgio Conceição, afirmando que «o André Villas-Boas, numa entrevista, criticou-me por ainda não ter renovado com o Sérgio [Conceição], que ele era fundamental».
Perdão a Luís Filipe Vieira e a instrumentalização da Justiça
Outro tema abordado por Pinto da Costa foi a sua relação com Luís Filipe Vieira, antigo presidente do Benfica. O ex-dirigente portista afirmou que «perdoou» Vieira e que atualmente «estão com ele normalmente, sem qualquer rancor», revelando que «volta e meia» se encontram para «almoços de amigos».
Pinto da Costa negou também qualquer envolvimento na publicação do livro de Carolina Salgado, que o criticava duramente, afirmando que a «influência» de Vieira nesse processo «é evidente».
Sobre a Assembleia Geral do FC Porto realizada a 13 de novembro, Pinto da Costa denunciou a presença de «três procuradores, sócios do FC Porto, a controlar» o evento, considerando que «houve instrumentalização daquele grupo com a colaboração da Justiça».
Situação financeira do FC Porto
O ex-presidente portista defendeu ainda que a situação financeira do clube «não é drama», afirmando que «sempre houve dívidas» e que deixou «50 M€ que vamos receber por ir ao Campeonato do Mundo de clubes», bem como «um contrato de 65 M€ com a Ithaka» e «um plantel que se quisessem vender... Ainda agora venderam o Evanilson por 37 M€».
Pinto da Costa concluiu a entrevista reafirmando que «nunca comprou árbitros», no âmbito do processo Apito Dourado, e que «deve ter feito os pecados normais que toda a gente faz», mas que «nunca matou ninguém, nem nunca roubou ninguém».