João Figueiredo, treinador da Oliveirense, concedeu uma entrevista esclarecedora à A BOLA sobre diversos temas relacionados com o basquetebol português. O técnico abordou as ambições da sua equipa, o espírito que deseja incutir nos jogadores, as dificuldades em bater o Benfica e as rivalidades regionais, entre outros assuntos.
Esta conversa com Figueiredo oferece uma perspetiva privilegiada sobre o estado atual do basquetebol nacional, com o treinador a partilhar as suas visões francas e a desafiar algumas das ideias preconcebidas sobre a modalidade no país.
Rivalidades regionais
Desde que sou miúdo que se sentia muito algumas rivalidades. E ainda se sentem. No meu caso, sempre me pus um pouco à parte disso. É um aspecto que não ligo. Mas, por exemplo, a Oliveirense-Ovarense é um dérbi com muita carga profissional. Não noto tanto isso nos adeptos do Oliveirense, mais nos da Ovarense. Na cultura vareira, encaram esse jogo como uma final de campeonato., revelou Figueiredo.
O treinador reconhece que nesta região os dérbis são vividos de forma diferente a nível emocional, notando que quando a Oliveirense joga em Ovar existe uma diferença do comportamento dos jogadores no campo. É cultural.
Já em Oliveira de Azeméis, Figueiredo afirma que não sente tanto essa rivalidade, nem por parte dos adeptos. Não é do nosso perfil, pelo menos enquanto lá sou treinador. E já antes acho que não se notava tanto, referiu.
Os pavilhões do campeonato
Questionado sobre qual o pavilhão, que não o da Oliveirense, de que mais gosta de ir jogar, Figueiredo destacou o Dragão Caixa, considerando-o muito bem conseguido e confortável e bonito.
Relativamente aos recintos do campeonato, o treinador considera que o Estádio da Luz e o Dragão Caixa são modelos daquilo que deveriam ser outras estruturas, lamentando que Portugal seja um dos piores países da Europa em termos daquilo que é a cultura desportiva e a missão coletiva dos clubes, das associações e federações nas diversas áreas de negócio.
A falta de cultura desportiva
Somos um povo com zero de cultura desportiva e não podemos apontar só os dedos aos dirigentes, jornalistas ou aos próprios treinadores que, muitas vezes, têm pouco sentido coletivo - característica do povo português - daquilo que são os contributos que podemos dar à modalidade, lamentou Figueiredo.
O treinador considera que em Portugal é preferível ser o maior da minha aldeia do que ser o segundo dos melhores do mundo, criticando a mentalidade de que não conseguimos, não temos dinheiro, somos fracos e que não somos grandes.
A Seleção Nacional
Sobre a Seleção Nacional, o treinador da Oliveirense não tem opinião diferente da maioria das pessoas. Obviamente que a diferença de talento é enorme, mas isto de sermos os coitadinhos, lá está, a mentalidade portuguesa: que não conseguimos, não temos dinheiro, somos fracos e que não somos grandes, não temos poste, mas depois quando temos não há bases, atirou.
Apesar da agenda agitada no verão, com cursos e recrutamento da Oliveirense, Figueiredo garante que, caso Portugal se apure para o Europeu de 2025, certamente irá ver alguns jogos, se a sua agenda o permitir.