João Figueiredo, o treinador da Oliveirense, abre o jogo sobre o basquetebol português

  1. Oliveirense-Ovarense é um dérbi com muita carga profissional
  2. Na cultura vareira, o jogo contra a Oliveirense é visto como uma final de campeonato
  3. O Dragão Caixa é considerado um pavilhão muito bem conseguido e confortável
  4. Portugal é um dos piores países da Europa em termos de cultura desportiva e missão coletiva dos clubes

João Figueiredo, treinador da Oliveirense, concedeu uma entrevista esclarecedora à A BOLA sobre diversos temas relacionados com o basquetebol português. O técnico abordou as ambições da sua equipa, o espírito que deseja incutir nos jogadores, as dificuldades em bater o Benfica e as rivalidades regionais, entre outros assuntos.

Esta conversa com Figueiredo oferece uma perspetiva privilegiada sobre o estado atual do basquetebol nacional, com o treinador a partilhar as suas visões francas e a desafiar algumas das ideias preconcebidas sobre a modalidade no país.

Rivalidades regionais

Desde que sou miúdo que se sentia muito algumas rivalidades. E ainda se sentem. No meu caso, sempre me pus um pouco à parte disso. É um aspecto que não ligo. Mas, por exemplo, a Oliveirense-Ovarense é um dérbi com muita carga profissional. Não noto tanto isso nos adeptos do Oliveirense, mais nos da Ovarense. Na cultura vareira, encaram esse jogo como uma final de campeonato., revelou Figueiredo.

O treinador reconhece que nesta região os dérbis são vividos de forma diferente a nível emocional, notando que quando a Oliveirense joga em Ovar existe uma diferença do comportamento dos jogadores no campo. É cultural.

Já em Oliveira de Azeméis, Figueiredo afirma que não sente tanto essa rivalidade, nem por parte dos adeptos. Não é do nosso perfil, pelo menos enquanto lá sou treinador. E já antes acho que não se notava tanto, referiu.

Os pavilhões do campeonato

Questionado sobre qual o pavilhão, que não o da Oliveirense, de que mais gosta de ir jogar, Figueiredo destacou o Dragão Caixa, considerando-o muito bem conseguido e confortável e bonito.

Relativamente aos recintos do campeonato, o treinador considera que o Estádio da Luz e o Dragão Caixa são modelos daquilo que deveriam ser outras estruturas, lamentando que Portugal seja um dos piores países da Europa em termos daquilo que é a cultura desportiva e a missão coletiva dos clubes, das associações e federações nas diversas áreas de negócio.

A falta de cultura desportiva

Somos um povo com zero de cultura desportiva e não podemos apontar só os dedos aos dirigentes, jornalistas ou aos próprios treinadores que, muitas vezes, têm pouco sentido coletivo - característica do povo português - daquilo que são os contributos que podemos dar à modalidade, lamentou Figueiredo.

O treinador considera que em Portugal é preferível ser o maior da minha aldeia do que ser o segundo dos melhores do mundo, criticando a mentalidade de que não conseguimos, não temos dinheiro, somos fracos e que não somos grandes.

A Seleção Nacional

Sobre a Seleção Nacional, o treinador da Oliveirense não tem opinião diferente da maioria das pessoas. Obviamente que a diferença de talento é enorme, mas isto de sermos os coitadinhos, lá está, a mentalidade portuguesa: que não conseguimos, não temos dinheiro, somos fracos e que não somos grandes, não temos poste, mas depois quando temos não há bases, atirou.

Apesar da agenda agitada no verão, com cursos e recrutamento da Oliveirense, Figueiredo garante que, caso Portugal se apure para o Europeu de 2025, certamente irá ver alguns jogos, se a sua agenda o permitir.

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