FC Porto apresenta contas com prejuízo de 21 milhões de euros

  1. Resultado líquido negativo de 21 milhões de euros na época 2023/24
  2. Valor contrasta com saldo positivo de 35 milhões anunciado no primeiro semestre pela anterior administração
  3. Reavaliação do Estádio do Dragão de 279 para 213 milhões de euros, com impacto de 47 milhões nos capitais próprios
  4. Impacto da ausência da Liga dos Campeões estimado em 40 a 45 milhões de euros

O FC Porto procedeu esta sexta-feira à apresentação do Relatório e Contas da época 2023/24, com a presença do CFO da SAD, José Pereira da Costa, e do presidente André Villas-Boas. A grande notícia é o resultado líquido negativo de 21 milhões de euros, valor que contrasta com o saldo positivo de 35 milhões anunciado no primeiro semestre pela anterior administração.

Apesar do resultado negativo, a nova administração do FC Porto mostra-se confiante numa melhoria dos resultados nos próximos anos, apontando para crescimento em todas as linhas de receitas operacionais e, em particular, nas receitas comerciais.

Explicação das contas

De acordo com Pereira da Costa, a atividade da SAD do FC Porto divide-se em duas vertentes: a atividade operacional, que inclui as receitas televisivas e da UEFA, e a atividade de transação de passes de jogadores. Nos últimos anos, o resultado operacional tem-se aproximado do zero, sendo os resultados positivos obtidos sobretudo através da venda de jogadores.

Nesta época, a venda do jogador Otávio permitiu um resultado positivo de 9 milhões de euros nesta vertente, o que, no entanto, não foi suficiente para compensar o agravamento significativo dos custos financeiros, que passaram de 22,7 para 29,7 milhões de euros.

Reavaliação do Estádio do Dragão

Uma das novidades desta apresentação de contas é a reavaliação do Estádio do Dragão. Inicialmente avaliado em 279 milhões de euros, a metodologia utilizada foi contestada pela CMVM, que levou a uma nova avaliação com base nos fluxos de caixa de uma renda, resultando num valor de 213 milhões de euros. Esta revisão implicou uma redução de 47 milhões de euros nos capitais próprios da SAD.

Impacto da ausência da Liga dos Campeões

«O impacto da não participação na Champions significa uma perda que situa na ordem dos 40 a 45 M€. No final do ano, o facto de termos sido 'despromovidos' implicou a perda de receita na ordem dos 30 M€», afirmou Pereira da Costa.

Qualificação para o Mundial de Clubes

Apesar do prejuízo registado, a nova administração vê com otimismo a qualificação do FC Porto para o Mundial de Clubes, que deverá trazer receitas no exercício de 2024/25. No entanto, Pereira da Costa ressalva que «o valor de 50 M€ de receita potencial que se falava, vamos ficar um bom bocado aquém deste valor. Ainda é incerto.»

Impacto dos direitos televisivos

Relativamente aos direitos televisivos, que representam 43 milhões de euros por época, Pereira da Costa explica que, apesar do valor ser fixo até 2027, a tesouraria será afetada devido ao facto de estes estarem descontados a taxas elevadas, acima dos 10%. «Nos próximos três anos vamos registar receitas de 43 M€, mas cash vai ser 0. Se olharmos para o agregado, para um valor de 170 M€, vamos ter cash de 30. Vamos ter 3 anos e meio sem receitas cash de direitos.»

Crescimento das receitas comerciais

Apesar do resultado negativo, a nova administração destaca o crescimento das receitas comerciais, que aumentaram 6,3 milhões de euros, com destaque para o sucesso da terceira camisola do equipamento e para as boas receitas nos jogos com o Barcelona e o Arsenal.

Impacto de custos não recorrentes

Pereira da Costa ressalva que, sem os custos não recorrentes, como a multa da UEFA, a imparidade do Porto Canal e provisões, o resultado poderia ter sido positivo. «Sendo estes custos de natureza não recorrente, acabam por impactar o resultado. Se não fossem estes custos, teríamos obtido um resultado positivo. Mas havia que os registar.»

Mensagem positiva

Apesar do resultado negativo, Pereira da Costa deixa uma mensagem positiva: «Mensagem positiva: crescimento de todas as linhas de receitas operacionais e em particular as receitas comerciais. Apesar do crescimento positivo, o resultado acaba por ficar próximo de zero, à semelhança do exercício anterior.»

Otimismo para o futuro

Pereira da Costa acredita que, com a melhoria das receitas e a gestão dos custos, os próximos exercícios poderão trazer melhores resultados para o FC Porto: «Nos próximos três anos vamos registar receitas de 43 milhões, mas cash vai ser zero», referiu, deixando um sinal de otimismo quanto ao futuro da SAD portista.

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