O FC Porto está em processo de transição de liderança. Após 42 anos no comando do clube, Pinto da Costa prepara-se para deixar a presidência, com a chegada de André Villas-Boas e da sua nova equipa diretiva. Esta mudança de liderança não está a ser vista com tranquilidade por todos os adeptos portistas.
Miguel Sousa Tavares, conhecido adepto do FC Porto, teme que a administração de Pinto da Costa possa fazer algumas "golpadas" de última hora antes de deixar o Estádio do Dragão. O escritor manifestou ainda receio naquilo que André Villas-Boas vai encontrar quando estiver no interior dos gabinetes do Estádio do Dragão.
Pinto da Costa deixa legado desportivo inegável
Sousa Tavares admite que o legado desportivo que Pinto da Costa deixa é grande. «Eu penso que todos os portistas jamais esquecerão aquilo que Pinto da Costa fez, ao transformar um clube de aldeia praticamente num clube do mundo», disse o escritor. No entanto, o mesmo Sousa Tavares considera que Pinto da Costa não soube escolher o momento certo para sair do FC Porto.
José Pereira da Costa, a "peça fundamental" da próxima estrutura
José Pereira da Costa, o novo administrador financeiro do FC Porto, é visto como a "peça fundamental" da próxima estrutura do clube, que vai ser liderado por André Villas-Boas a partir de 7 de maio. Pereira da Costa abdica de uma posição muito vantajosa na NOS, onde era diretor financeiro (CFO) há dez anos, para assumir o mesmo papel no FC Porto.
Segundo Maria João Carrapato, diretora de Relações de Investimento e Sustentabilidade da NOS, Pereira da Costa é um "gestor de elevada reputação, credibilidade e confiança", com "uma grande experiência construída à volta dos mercados financeiros" e "uma gestão de topo que fez com que tenha muitos contactos com os grandes grupos, as grandes instituições financeiras".
Desafio financeiro pela frente
Este conhecimento pode ser essencial para captar o investimento que o FC Porto muito provavelmente vai precisar, até porque o primeiro ano pleno de Villas-Boas começa financeiramente mal: a equipa falhou o acesso à Liga dos Campeões e isso significa um grande rombo financeiro que deverá obrigar o clube a vender jogadores e a contratar com menos capacidade.
Pereira da Costa vai abdicar de receber prémios, pelo menos enquanto a situação financeira do FC Porto não estiver mais estável. Comparando com o que é conhecido da atividade do clube, são menos 280 mil euros do que recebeu o anterior CFO, Fernando Gomes, em 2023.
Perfil de Pereira da Costa
Pereira da Costa é também um homem "muito rigoroso", mas que mantém um "grande nível de delegação" na equipa que gere. Na NOS era assim, "acompanhava de perto, com muita atenção ao pormenor", mas também havia autonomia, liberdade e, sobretudo, confiança.
«É alguém que se dá muito bem com as equipas, quer laterais, quer diretas. Gosta de cooperar, gere muito bem consensos, tem muita capacidade de obter resultados, não é de conflito, é de gestão», completa Maria João Carrapato.
Ligação emotiva de Pereira da Costa ao FC Porto
A ligação de Pereira da Costa ao FC Porto vai além do que se conhecia inicialmente. Afinal, o pai foi campeão de andebol pelo clube do qual Pereira da Costa é sócio há mais de 50 anos, facto que Villas-Boas entendeu ser currículo suficiente para a aposta.
«É um grande portista de coração. Viajava muito ao estrangeiro e acompanhava-o muitas vezes a ver jogos lá fora, era com grande emoção que acompanhava temas do FC Porto», vinca Maria João Carrapato.
Contenção de custos e melhor rentabilização dos ativos
Algumas das ideias da nova direção passam pela contenção de custos - veja-se as críticas ao contrato de Francisco Conceição (que ficou com 20% de uma futura venda) - , mas também pela melhor rentabilização dos ativos, nomeadamente a venda de jogadores.
Para isso é de esperar uma abordagem de equipa. É o que distingue Pereira da Costa, afirma Maria João Carrapato, que destaca a inteligência do gestor acima de tudo, além da "confiança, credibilidade e relação com o mercado".