A liderança técnica de Bruno Lage no Benfica tem sido uma pequena viagem de montanha-russa. Da «Reconquista» ao despedimento, da sucessão a Schmidt à derrota com o Feyenoord e, agora, de novo nos píncaros, com a reviravolta no Mónaco.
Lage já mostrou que é capaz de colocar a equipa a jogar bem, ofensivamente. Isto é válido para o título de 2018/19, uma parte de 2019/20 e para agora. O ataque tem estado a carburar, a melhoria no jogo da equipa é inegável, ainda que haja afinações a fazer.
A confiança do grupo
Lage conseguiu dar a volta no jogo contra o Mónaco, e isso só resulta quando, na adversidade, os jogadores confiam: uns nos outros e no processo liderado pelo treinador. «Convencê-los do que quer, seja para Lage no Benfica, para Ruben Amorim no Manchester United ou Abel Ferreira no Palmeiras, é decisivo para o sucesso de um treinador», afirma o articulista. Pelo que se vê e lê do Benfica, Bruno Lage agarrou o grupo.
Não apenas pela capacidade de dar a volta a um jogo de Liga dos Campeões, mas também por coisas que podem parecer detalhes, mas que são realmente importantes... «os colegas quiseram que Arthur Cabral marcasse ao Estrela da Amadora e Lage contribuiu para esse desejo deixando o brasileiro em campo», uma decisão que «podia unir um grupo que precisa de construir coisas».
A gestão de Di María
A qualidade do argentino Di María «nunca esteve em causa». O que o faz «descer ao nível comum é, portanto, o físico». A questão do Fideo «teria sempre de ser de gestão». Schmidt «fê-lo mal, Lage está a fazê-lo bem. E com isso ganhou o melhor do argentino e ganhou o grupo, e até o outrora 'contestário' Kokçu hoje dá indícios de liderança em campo».
O desafio da Liga
Há sinais claros de harmonia no Benfica, ainda que possa haver quem lembre as palavras dos jogadores após a derrota com o Bayern, em Munique. Mas é com ânimo que o Benfica segue agora para Arouca. A saída na Liga tem sido o «evento mais difícil» para esta equipa, versão Schmidt ou Lage, e nos quais Di María tem sido menos influente. Lage tem ainda esse desafio: conseguir que a grande estrela faça dos pequenos palcos local tão ou mais importante que as plateias da Champions. Se assim for, os outros irão atrás.