Nuvem negra sobre o Benfica
Nos últimos anos, o Benfica tem estado envolvido em diversos processos judiciais que têm manchado a imagem do clube e levantado dúvidas sobre a integridade das suas práticas. Desde alegadas tentativas de manipulação de resultados a acusações de corrupção, o emblema da Luz tem enfrentado uma série de escrutínio e investigações que colocam em causa a sua conduta.
O 'Caso dos E-mails'
Um dos casos mais mediáticos é o chamado 'Caso dos E-mails', que teve origem em 2017 quando o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, denunciou no programa 'Universo Porto da Bancada' a existência de e-mails trocados entre Adão Mendes, antigo árbitro da Associação de Futebol de Braga, e Pedro Guerra, na altura diretor de conteúdos da Benfica TV. Segundo Marques, estes e-mails configuravam um "esquema de corrupção [na arbitragem] para beneficiar o Benfica".
Apesar de Pedro Guerra ter admitido a existência dos e-mails, disse não se lembrar dos seus conteúdos. Já Luís Filipe Vieira, então presidente do Benfica, reagiu dizendo que «Em relação aos e-mails, desculpem falar à português, tanta m...n e zero. Não temos medo de ninguém. Nunca comprámos um filho da p... de um resultado».
Viciação de jogos
Paralelamente, a Polícia Judiciária e o Ministério Público investigaram também um alegado aliciamento de jogadores do Marítimo por parte de um elemento do Benfica, no jogo entre as duas equipas na 33ª jornada do campeonato de 2015/16. Dois jogadores do clube madeirense, sob anonimato, lançaram as suspeitas de que teriam sido aliciados.
Embora não tenha sido provada a ligação direta do Benfica a este caso, o juiz responsável referiu no acórdão que ficou demonstrada a proximidade entre o empresário César Boaventura e Luís Filipe Vieira. Boaventura acabou condenado a três anos e quatro meses de prisão, com pena suspensa, por três crimes de corrupção ativa no desporto.
Outros processos
Além destes dois casos, o Benfica tem estado envolvido noutros processos judiciais ao longo dos anos. Um deles ficou conhecido como o 'Caso E-Toupeira', no qual a SAD encarnada foi acusada de crimes de corrupção, favorecimento pessoal, peculato e falsidade informática. Neste caso, a Benfica SAD acabou por não ser pronunciada, após ter solicitado a abertura de instrução.
Mais recentemente, em 2023, o Ministério Público acusou formalmente a Benfica SAD, juntamente com o antigo presidente Luís Filipe Vieira e o ex-assessor jurídico Paulo Gonçalves, de crimes de corrupção ativa, participação económica em negócio e fraude fiscal qualificada. Esta acusação surge na sequência da investigação iniciada em 2016 sobre alegados esquemas de corrupção e manipulação de resultados desportivos.
Reação da direção do Benfica
Perante este cenário, o candidato à presidência do Benfica, João Diogo Manteigas, reagiu ao despacho do Ministério Público, afirmando que «o que interessa hoje é defender o Sport Lisboa e Benfica» e que se algum representante tiver prejudicado o clube, «o Tribunal da Luz ditará o destino desses prevaricadores».
Estes processos judiciais têm colocado o Benfica no centro de uma tempestade de escândalo e controvérsia, abalando a imagem e a reputação do clube. Cabe agora à direção encarnada e aos seus representantes legais prepararem uma sólida defesa, de modo a salvaguardar a integridade da instituição e a sua participação nas competições desportivas.