Os adeptos do Sporting têm muito para lamentar acerca da forma como as últimas semanas se desenrolaram, com a saída de Rúben Amorim e o consequente desabar da boa forma. É um clube que rapidamente se deixa engolir pela escuridão, mas, vale lembrar, é quando o sol se põe que as estrelas surgem...
Essa nova e brilhante luz a nascer no plantel leonino é João Simões, que apesar de ainda ser menor de idade (nascido em 2007!) está a aproveitar bem o espaço cedido pelas lesões de Pote, Bragança e Morita. Depois de minutos a ala frente ao Amarante (6-0) e Arsenal (1-5), foi lançado ao onze em dupla com Hjulmand em Brugge (2-1), frente ao Boavista (3-2) e agora jogou os 120 minutos com o Santa Clara (2-1)!
Do Algarve a Alcochete
Foi no Algarve que tudo começou para o pequeno João, com apoio do pai e do irmão mais velho (José, que hoje faz golos no futsal local). Deu os primeiros toques no Silves, mas antes de saber ler já vestia a camisola alvinegra do Portimonense, onde permaneceu durante vários anos.
No último ano em Portimão já era visto como um dos grandes talentos da zona, a estrela de uma geração de 2007 que ia fazendo estragos, e até representava ocasionalmente o Sporting em torneios internacionais. André Figueiredo, o último treinador que teve em Portimão antes da mudança definitiva para Alcochete, admite que João se destacava dos demais e que precisava de exercícios mais difíceis.
«Tinha tendência a melhorar»
Era o tipo de miúdo que ia ao treino para treinar, recorda André Figueiredo, que hoje comanda os juvenis do Odiáxere. Ele gostava de brincar, mas quando era para trabalhar a sério ele era focado e disciplinado. Depois, ficava muito chateado se as coisas não lhe corressem bem a ele ou à equipa. Fazia parte da personalidade dele. Não era preciso dar-lhe motivação extra porque ele, sozinho, tinha tendência a melhorar.
Como a geração era de um nível elevado, eu dava sempre exercícios difíceis. Houve um treino em que no final o Simões veio ter comigo e disse "Mister, este exercício foi fácil. Tem de ser mais difícil!". Eu fiquei olhar para ele do tipo... Aquilo era um exercício para sub-14! Aí comecei a perceber que aquele miúdo tinha algo a mais do que os outros.
Um «miúdo muito focado no que faz e no que quer»
Nos poucos minutos (316) que jogou pela equipa principal do Sporting, João Simões já deixou indícios desse carisma. Pede a bola, dá indicações aos colegas e até conquista as bancadas com aqueles momentos que todos os adeptos conseguem apreciar, como um carrinho esforçado de braço ao peito, com o pulso ligado. Nem os treinadores mais antigos o esquecem...
Eu sempre achei que ele iria ser profissional. Não adivinhava que fosse tão rápido e no Sporting, mas a partir do momento em que o comecei a ver nas camadas jovens das seleções, sempre como capitão e titular, aí a coisa ficou mais séria. Ser profissional era uma questão de tempo e aconteceu agora, diz André Figueiredo ao zerozero.
Destinado ao sucesso
Se continuar a trabalhar como sempre trabalhou, vai chegar longe. É um miúdo muito focado no que faz e no que quer, que gosta de aprender e de evoluir, e por isso tem tudo para singrar nesta vida. Nunca sabemos o futuro, mas com certeza ele terá sucesso em Portugal ou lá fora.