Futebol português presta última homenagem a Manuel Fernandes

O mundo do futebol português reuniu-se este sábado para prestar a última homenagem a Manuel Fernandes, a lenda do Sporting que faleceu na última quinta-feira aos 73 anos. Entre as diversas figuras presentes no velório realizado no Estádio José Alvalade, destacou-se a presença de Rui Costa, presidente do Benfica.

Rui Costa, que também foi um grande jogador no passado, não quis deixar de marcar presença neste momento de despedida e de enaltecer a carreira e a figura de Manuel Fernandes.

«Independentemente das rivalidades, merece todo o nosso respeito»

Em declarações aos jornalistas, o líder máximo do Benfica começou por salientar a importância de Manuel Fernandes para o futebol português, independentemente das rivalidades clubísticas.

«Estamos a falar de uma grande figura do futebol português que, independentemente das qualidades futebolísticas, merece todo o nosso respeito. Quer enquanto presidente do Benfica, quer enquanto Rui Costa e ex-jogador de futebol também. Portanto, nessas duas vertentes, também queremos homenagear uma figura tão importante do futebol português, que tanto honrou o futebol. E nestas situações as rivalidades ficam à parte», afirmou Rui Costa.

«Foi um dos expoentes máximos do futebol português»

O presidente do Benfica prosseguiu os seus elogios, destacando Manuel Fernandes como «um dos expoentes máximos do futebol português» e lamentando que nos dias de hoje seja cada vez mais raro ver jogadores tão ligados a um único clube durante toda a carreira.

«[Manuel Fernandes] Foi um dos expoentes máximos do futebol português, não há dúvida nenhuma. Deixa-nos uma das maiores figuras que tivemos. Hoje já não é tão natural os jogadores estarem tão apegados aos seus clubes a vida inteira por variadíssimas razões. E Manuel Fernandes faz parte daqueles que representou um clube a vida toda, que se dedicou a um clube a vida toda e nós temos muitos, e alguns deixaram-nos há bem pouco tempo, e é sempre de enaltecer essas figuras. A nível de futebol nacional, são referências, são ídolos dos seus clubes, mas não deixam de ser grandes figuras do futebol português. E Manuel Fernandes foi uma grande figura do futebol português», destacou Rui Costa.

Presença de Villas-Boas e Rui Costa demonstra respeito

A presença de Rui Costa, juntamente com a de André Villas-Boas, presidente do FC Porto, que também marcou presença em Alvalade, foi vista como um gesto de respeito e homenagem a Manuel Fernandes por parte dos três grandes clubes do futebol português.

«Mostra acima de tudo respeito pelos profissionais, pelas figuras deste desporto. E, como disse, nestes casos as rivalidades não imperam, impera sim o bom senso e as homenagens às grandes figuras que enalteceram o futebol português, independentemente da cor que tiveram na vida delas. Creio que neste caso é uma homenagem justíssima por parte de todo o país», afirmou Rui Costa.

Rui Costa concorda com maior comunicação entre clubes

Questionado sobre as declarações de André Villas-Boas, que defendeu a necessidade de uma maior comunicação entre os clubes portugueses, Rui Costa concordou, mas alertou para não se utilizar estes momentos para outros fins.

«Concordo que o futebol tem de ter outra dinâmica, mas não utilizemos estas situações para outras. No caso concreto, é o caso do desaparecimento de um ex-jogador do Sporting, que deu muito ao Sporting e merece o respeito de todos os outros clubes nacionais pelo que deu ao futebol português.»

Problema do ódio no futebol vai além do desporto

Rui Costa abordou também a questão do sentimento de ódio que por vezes se faz sentir no futebol, considerando que este é um problema que vai além do desporto e que acaba por se refletir também no futebol.

«Não tem só a ver com futebol, mas um bocado com a sociedade. Muitas vezes o futebol é aproveitado para isso. Repito o que disse, não me parece importante nesse aspeto, se não parece que estamos a acusar os jogadores novos, da geração moderna, de não estarem tão apegados aos clubes. Houve variadíssimas coisas que fizeram alterar o negócio do futebol, nomeadamente o que representam as saídas para o estrangeiro. Nestas alturas, de Manuel Fernandes, Pietra ou Chalana, o mercado estrangeiro não estava aberto e não sabemos como seria se estivesse aberto ou não. Ficam como figuras para sempre dos seus clubes. Como foi Manuel Fernandes para o Sporting e há bem pouco Pietra e Chalana para nós», concluiu.