A questão dos clubes de futebol em Portugal vedarem o acesso da comunicação social a eventos como assembleias gerais está no centro de um problema mais abrangente na relação entre o futebol e os media. O exemplo recente da Assembleia Geral do Benfica ilustra este fenómeno, que não é exclusivo deste clube.
Segundo as estimativas, existem cerca de seis milhões de benfiquistas espalhados pelo mundo, mas apenas entre quatro a cinco mil sócios participaram nas duas assembleias gerais realizadas no Estádio da Luz no último fim de semana. Como se soube destes números? Através da comunicação social, que faz o seu trabalho, apesar de estar proibida de entrar nestes eventos.
Uma democracia sem jornalistas?
Que acharíamos da nossa democracia se as sessões parlamentares fossem vedadas à Comunicação Social? Ou os julgamentos? Ou muito outros acontecimentos que são, por natureza, públicos e, sobretudo, de interesse público?, questiona o autor do texto.
O argumento mais básico, entre tantos que se ouvem, é que se trata de um evento da esfera privada do clube. Mas, como o autor refere, os congressos partidários, por exemplo, também podem ser considerados eventos privados e, no entanto, têm cobertura mediática.
Um problema recorrente no futebol português
Este não é um problema exclusivo do Benfica. Acontece falar-se aqui do Benfica por uma questão de oportunidade, visto que na generalidade dos outros clubes e restantes instituições do futebol nacional sucede exatamente o mesmo, explica o texto.
Os jornalistas da área do desporto já assistiram a assembleias gerais de vários clubes e da Federação Portuguesa de Futebol, mas o crescimento dos meios próprios de informação e o medo cénico dos atores face ao jornalismo foram fechando essas portas.
Alega-se também motivos de segurança, devido a um histórico de episódios muito pouco dignificantes de ataques a jornalistas. No entanto, como refere o autor, os culpados são os próprios dirigentes, que seguem-nos na velha narrativa de atirar as culpas de males próprios para cima de outros.