As crises no Sporting parecem sempre breves quando existe um processo e estrutura sólidos, mas quando essa estrutura depende de apenas uma pessoa, tudo pode ruir quando essa pessoa sai. É que a teoria de que «ninguém é insubstituível» nem sempre se aplica, especialmente se não se encontrar o substituto certo.
Quando alguém com a dimensão de Rúben Amorim, que tinha um peso gigantesco nas decisões e um dom de acertar na maior parte, deixa um vazio tão grande e não é ele quem decide quem o preenche (algo entendível a partir de várias perspetivas), a margem de erro dispara. Afinal, Amorim era a única garantia de que, entre os habituais decisores, haveria uma sucessão consciente e sólida.
João Pereira: Ainda pode resultar, mas o horizonte está negro
João Pereira ainda pode resultar no comando técnico do Sporting, mas o horizonte está cada vez mais negro. Se não conseguir dar a volta às dificuldades, ficamos sem saber se noutro contexto poderia ter dado resultado. Afinal, talvez pudesse.
O jovem treinador tem problemas na imagem e, sobretudo, na comunicação, e hoje ambos são fundamentais no que é mais importante: convencer quem está à sua volta das suas ideias. A conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Moreirense, na opinião do autor, fragilizou-o em demasia. Não foi ali que a equipa recuperou a confiança ou uma parte dela.
Varandas e a saída falhada de Amorim
Ao adiar a saída de Amorim por um par de semanas, Frederico Varandas conquistou uma pequena vitória, mas faltou-lhe visão para a engrandecer. Ao manter a equipa ligada aos triunfos, também ganhou tempo para decidir bem, mas não o usou. Manteve o plano. Não procurou mais. Talvez nem tenha pedido conselho ao treinador cessante.
A melhor decisão que o presidente do Sporting poderia ter tomado teria sido encontrar alguém que não desse margem a eventuais dúvidas dos jogadores, alguém que os convencesse rapidamente de que um primeiro mau resultado tinha sido apenas mero acidente.
Novo trambolhão de Varandas
O que já não parece de todo acidente é o novo trambolhão de Frederico Varandas, que ficará ainda mais isolado no final da época com a saída de Hugo Viana para o Manchester City. Três derrotas depois, o Sporting dominador e impositivo parece já longínqua miragem. Há mesmo alguma razão para que os adeptos não fiquem preocupados?