Em novembro de 2023, a assembleia-geral do FC Porto foi palco de tumultos que levaram a uma série de depoimentos e acusações graves. António Lopes, um sócio com 55 anos de ligação ao clube, reconheceu diretamente os responsáveis pelos desacatos, afirmando que “todos os órgãos sociais do clube foram incapazes de um só ato, de pôr termo àquilo. (...) É óbvio que aquilo foi organizado. Se a administração não autorizasse aquele circo, ninguém o faria. Os Super Dragões foram o peão de quem estava mais acima”
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O seu testemunho, apresentado durante a oitava sessão do julgamento da Operação Pretoriano, sublinha a responsabilidade da administração liderada por Pinto da Costa na criação de um ambiente de tensão. Segundo Lopes, o dia começou de forma alarmante, com o relato: “Antes da acreditação, ainda rebentaram três petardos, foi um pânico generalizado”
. Com a sua neta e sobrinha ao seu lado, o temor era ainda mais palpável: “Eu andei na guerra, não fico muito intimidado, mas estava com a minha neta e sobrinha, fiquei com algum receio”
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Testemunhos de Ameaça e Violência
A situação descrita por Lopes encontrou respaldo em outro depoimento, o de Marta S., que relatou ter sido agredida com dois pontapés por um dos arguidos, por ser identificada como conotada com André Villas-Boas. Ela descreveu um momento de hostilidade e agressão, afirmando que “terá sido agredida, contou, por ser conotada com André Villas-Boas, tendo sido ameaçada e insultada, momento em que mudou de bancada no Dragão Arena”
. Este clima de violência estava claramente presente durante a assembleia.
Além das agressões, a tensão geral culminou na necessidade de Lopes informar a polícia, alertando que “o evento era capaz de acabar mal”
. O seu testemunho ainda ilustra a desordem prevalente no evento: “Fernando Madureira dava papéis, dava cartões, outros davam pulseiras. Valia tudo”
. Lopes deixou claro que não queria imputar toda a culpa aos Super Dragões, que segundo ele, “muito deram ao FC Porto”
, mas sentiu que os desacatos foram montados pela administração
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Consequências Jurídicas e Sociais
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano enfrentam diversas acusações, incluindo coação e ofensa à integridade física. Entre eles, Fernando Madureira destaca-se como a única figura que permanece em prisão preventiva, enquanto os demais foram libertados em várias fases. Este desfecho evidencia a seriedade das acusações e a resposta judicial ao que ocorreu durante a assembleia.
A inquietação gerada pelos testemunhos e a percepção de falta de controlo por parte da administração continuam a preocupar os sócios do FC Porto. A atmosfera tensa e a necessidade de responsabilização estão no topo das preocupações, envolvendo todos os que têm um papel na vida do clube.