As consequências das recentes penalizações impostas ao clube provocaram uma onda de reações e reflexões por parte da sua direção. O presidente Rui Costa expressou a sua preocupação em tribunal ao afirmar: “Quando o caso foi tornado público, sentimos mais revolta do que preocupação, até porque sabemos que muitas vezes isto se reflete em campo.” Além disso, Costa revelou um medo latente, destacando: “Tememos o medo que os árbitros poderiam ter a apitar jogos do Benfica.” A situação ficou ainda mais complexa com o processo em tribunal relacionado com o alegado esquema do Saco Azul
. O presidente garantiu que “existia confiança” nas pessoas responsáveis pelos contratos suspeitos, enquanto sublinhava a importância de focar no desempenho dentro do campo.
O caso do Saco Azul
está envelopado em controvérsia, com algumas notícias insinuando um possível envolvimento em corrupção, embora isso não conste na acusação. O juiz Vítor Teixeira, durante a inquirição de Rui Costa, deixou claro que “A acusação não faz a relação entre o dinheiro e o seu uso.” Enquanto Rui Costa se mostrava firme, revelou também que muitos dos contratos eram frequentemente assinados sem o devido processo. “Grande parte desses contratos passava pelo Miguel Moreira, ele tinha autonomia, o Luís Filipe Vieira [presidente do clube à data dos factos] não tinha conhecimentos de tecnologia informática (IT),” destacou Costa.
Desenvolvimentos no Caso Judicial
O xadrez jurídico continua a desenvolver-se, com o caso começando a ser julgado no Juízo Central Criminal de Lisboa. O ex-presidente Luís Filipe Vieira enfrenta sérias acusações que incluem três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 de falsificação de documento. Esta situação, para Rui Costa, não se trata apenas de uma questão legal, mas de uma pressão que reverbera diretamente na equipa: “O foco passou a ser dentro do campo.” Quando questionado sobre a ausência de grandes quantidades de dinheiro sob o seu conhecimento, Costa garantiu: “Nunca ter tido conhecimento da circulação de grandes quantidades de dinheiro vivo” no clube.
Nesse mesmo contexto, o arguido José Bernardes da QuestãoFlexível, uma empresa central no esquema mencionado, admitiu que a comunicação relativa a contratos sempre ocorreu com Miguel Moreira, “ele tinha autonomia.” A situação torna-se ainda mais clara quando os contratos com a empresa de Bernardes são mencionados, revelando que estas práticas estavam ligadas a um valor que ultrapassa 1,8 milhões de euros. O lodo da questão está longe de ser resolvido, com Bernardes afirmando que “relativamente a contratos, falava sempre com Miguel Moreira” e nunca com o antigo presidente.
Tensões e Pressões no Benfica
Em suma, as tensões entre a gestão do clube e o seu desempenho desportivo ganham uma nova dimensão, com as penalizações da UEFA e os processos judiciais a pairarem como uma pressão adicional, num clima em que a confiança e o medo coexistem. É um momento crucial para o clube e os seus adeptos, que esperam que a gestão controle a tempestade que se avizinha.
As reações dos adeptos têm sido variadas, com muitos a expressar preocupações sobre o futuro do clube e a eficácia da sua liderança. Enquanto isso, Rui Costa e a sua direção tentam encontrar um equilíbrio entre a gestão interna e a performance desportiva, numa fase decisiva para o destino do Benfica.