António Simões partilha «As Minhas Memórias» em livro de Rui Miguel Tovar

  1. António Simões partilha «As Minhas Memórias» em livro de Rui Miguel Tovar
  2. Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa escreve prefácio do livro
  3. Câmara Municipal de Lisboa homenageia António Simões com Medalha de Mérito Municipal Desportivo
  4. António Simões marca golo em jogo após morte do seu filho recém-nascido

Prefácio do Presidente da República e homenagem da Câmara de Lisboa


O livro «As Minhas Memórias», sobre a vida e carreira do antigo jogador do Benfica e da Seleção Nacional António Simões, será lançado esta terça-feira, 18:30, na Sala José Saramago do Palácio Galveias, em Lisboa. O Prefácio, intitulado «O Grande Simões», é da autoria do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que confirmou a sua presença na cerimónia. Nesta ocasião, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, outorgará a Medalha de Mérito Municipal Desportivo a António Simões.

Um golo «lavado em lágrimas»


A pedido do jornal A BOLA, António Simões escolheu partilhar um dos 80 capítulos do livro, com o título «Expressão Máxima do Futebol». Neste capítulo, o antigo capitão de equipa conta um triste momento da sua vida, que raramente abordou publicamente.


«De todos os golos da carreira, há um lavado em lágrimas. Foi em março de 1972, quando já era capitão de equipa como sucessor de Coluna. Fomos jogar a Tomar, com o União, e íamos entrar em campo sem uma série de estrelas porque gozávamos de um avanço considerável para outro bicampeonato e estávamos em poupanças para a segunda mão dos quartos de final da Taça dos Campeões, com o Feyenoord (...). Antes da partida para Tomar, fui pai. Pai de um filho. À quarta é de vez. Foi um momento de infinita alegria, como devem calcular, a minha mulher e eu, pais de um menino, as nossas três filhas babadas com um irmão bebé. Queríamos muito um rapaz e já tinha nome: Nuno Ricardo», pode ler-se.

O golo que marcou em luto


Horas antes do jogo, António Simões recebeu a trágica notícia da morte do seu filho recém-nascido. Mesmo assim, decidiu jogar o encontro contra o União de Tomar.


«Na madrugada do jogo, às cinco da manhã, o telefone tocou-me no quarto do Hotel dos Templários. Era da clínica onde estava a minha mulher e deram-me conta da morte do meu filho. Minutos depois, poucos, recebo um segundo telefonema e era do presidente Borges Coutinho, desde Lisboa: 'O que quer fazer? Meto-me já num carro e vou ter consigo'. Pedi-lhe um tempo e liguei à minha mulher para decidirmos o próximo passo. Falámos e concluímos que eu devia continuar em estágio para ir a jogo. Assim foi. O Hagan meteu-me a braçadeira de capitão e entrei em campo a liderar a equipa desfalcada de dois goleadores ilustres. A essa hora, já toda a gente sabia. Até porque os altifalantes do estádio haviam dado a trágica notícia e eu ouvi-a. Não me caiu bem, foi um momento muito complicado e vi-me aflito para jogar», continuava.

«Deus tirou-me o filho, mas deu-me o golo»


Apesar da enorme dor, António Simões marcou o único golo do jogo, ainda antes do primeiro minuto. Após a vitória, voltou para Lisboa e partilhou com os jornalistas uma frase marcante.


«A bola saiu nossa e eu, não me perguntem como nem de onde, marquei o único golo do jogo antes do primeiro minuto. A bola saiu-me bem do pé e entrou na baliza. Sabem o nome do guarda-redes? Nascimento. Vão ver, Nascimento. Que coincidência... Ganhámos, voltei para o conforto do lar, em Lisboa, à boleia do presidente Borges Coutinho e disse aos jornalistas: 'Deus tirou-me o filho, mas deu-me o golo'.»

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