A passagem de Sven-Göran Eriksson pelo futebol português e pelo Benfica está intrinsecamente ligada a Toni, que foi seu adjunto nas duas passagens pelo clube da Luz. O treinador sueco, que faleceu esta segunda-feira aos 76 anos, deixa um legado marcante no Benfica e no futebol em geral.
«Tudo o que lhe foi acontecendo [com sucessivas homenagens públicas nos últimos meses] granjeou o respeito e a admiração de todos. Ele tem várias mensagens a dizer "vivam a vida, sejam felizes e não fiquem tristes quando eu partir". É a grandeza de um ser humano admirável», enquadrou Toni, em declarações à agência Lusa.
Uma morte anunciada
O treinador sueco morreu em casa, aos 76 anos, depois de uma luta contra um cancro no pâncreas, segundo informou a família do antigo treinador, em comunicado. «Era uma morte anunciada. Aliás, ele teve a força e a coragem de o dizer há uns meses, deixando-nos destroçados. É um dia de profunda tristeza. Partiu um bocado de mim, após já terem partido Artur Jorge, Rui Rodrigues e Pietra. Tem sido um ano marcante pela partida de gente com quem partilhei alegrias e tristezas», notou Toni.
Conquistas no Benfica
Vencedor da Taça UEFA ao serviço do IKK Gotemburgo, em 1981/82, o sueco conquistou três campeonatos (1982/83, 1983/84 e 1990/91), uma Taça de Portugal (1982/83) e uma Supertaça Cândido de Oliveira (1989/90) nas duas passagens pelo Benfica, entre 1982 e 1984 e de 1989 a 1992, sempre coadjuvado pelo ex-médio Toni.
«Encaro esta partida de forma muito particular, porque tínhamos uma amizade com mais de 40 anos. Ele ganhou o respeito e a admiração, não só dos benfiquistas, mas de todos os quadrantes, pela sua forma de estar no desporto e no futebol. Deixa esse legado, além daquela força e coragem em anunciar a sua morte», evocou Toni.
Homenagem dos adeptos
A 11 de abril, antes e durante a vitória sobre os franceses do Marselha na primeira mão dos quartos de final da Liga Europa (2-1), Sven-Göran Eriksson foi ovacionado de pé pelos adeptos encarnados e por antigos jogadores em pleno relvado do Estádio da Luz, em Lisboa.
«Essa jornada de abril vivida no Estádio da Luz é de uma carga emocional muito forte. Foi a oportunidade para se despedir dos adeptos e de antigos jogadores e colaboradores. Nós jantámos na véspera do jogo com o Marselha, em conjunto com os filhos dele, o autor da sua biografia e o Humberto Coelho. Estivemos à mesa durante mais de duas horas, mas não falámos em doença. Falámos da vida, de futebol e das peripécias vividas nos anos em que passou pelo Benfica», partilhou ainda Toni.