Ainda falta defrontar a Geórgia, para fechar a fase de grupos, e depois ultrapassar o obstáculo que surgir nos oitavos de final, mas entre a comunidade portuguesa de Hamburgo já só se fala no dia 5 de julho, data em que a Seleção Nacional jogará na cidade, caso alcance os quartos de final.
A BOLA esteve no Portugiesenviertel, o bairro português, e testemunhou um entusiasmo crescente que já faz com que muitos emigrantes procurem bilhetes para esse encontro no Volksparkstadion.
Café Cristal: «Somos uma grande comunidade portuguesa aqui»
A visita começa pelo Café Cristal, onde a proprietária Ilda Machado ainda recupera da festa (e do trabalho) no dia do jogo com a Turquia, que garantiu a passagem à fase seguinte no primeiro lugar do Grupo F. «Foi um espetáculo. Não vi muito porque tive de trabalhar, mas foi muito bom, como sempre. Somos uma grande comunidade portuguesa aqui, e foi maravilhoso».
Ilda Machado acrescenta ainda que 30 por cento dos clientes a ver o jogo eram alemães. «Ganhar aqui o Euro seria maravilhoso, para nós que estamos longe do nosso país. Portugal está no nosso coração e seria maravilhoso para todos. A Alemanha é a nossa segunda casa, mas eles falam muito… não queria ir à final com eles, não gostava nada que eles ganhassem», assume a portuguesa nascida na Trafaria e criada em Vila Franca de Xira.
Olá Lisboa: «Estou otimista quanto a uma final entre Portugal e a Alemanha»
Logo ali ao lado, no Olá Lisboa, o capitão da Seleção, Cristiano Ronaldo, tem destaque ainda maior em forma de quadro. Também ali os alemães estavam em maioria quando Portugal venceu a Turquia, e António Ferreira conta que houve «muita festa e muito barulho». «Ainda bem que caiu uma chuvinha para acalmar os ânimos, mas depois continuou a festa», conta o funcionário.
Ferreira mostra ainda uma fotografia do patrão, Carlos Sequeira, a ver o jogo em Dortmund. «Estou otimista quanto a uma final entre Portugal e a Alemanha, e que ganhe Portugal. Se não, que ganhe a Alemanha. Estamos a prever uma final entre Portugal e Alemanha. É bom para todos», acrescenta.
A Varina: «Ouvi os golos e dei três saltos na cozinha»
Na cozinha do restaurante A Varina, António Jorge Mota não teve mãos a medir, com o trabalho, mas conseguiu ir acompanhando o jogo que deu a passagem portuguesa aos oitavos de final. «Ouvi os golos e dei três saltos na cozinha. Uma das vezes quase deixava cair a comida ao chão, mas o que vale é que não caiu. As ruas estavam completamente cheias, e com a vitória parecia o fim do mundo, com os carros a apitar e as bandeiras», recorda.
Mota acredita que muitos portugueses terão dificuldade em ir ver o jogo se Portugal jogar os quartos de final na cidade, de forma a manterem os estabelecimentos abertos, mas está seguro de que «seria uma loucura». Há 30 anos a viver na Alemanha, pensa já numa final entre a equipa das quinas e a seleção anfitriã: «Já se falava disso antes de começar o Euro. E se Portugal ganha, seria precisamente o que se passou em França. Seria bom para baixar o ego aos alemães, que é muito grande», justifica.
D. José: «É uma loucura ver a Seleção na Alemanha e a ganhar»
Em frente ao D. José está Nuno Silva, à espera dos primeiros clientes para almoço e também da tal final com a Alemanha. «Sempre que joga Portugal é uma grande emoção. Para qualquer emigrante, que está fora do seu país, ver a sua Seleção ganhar, ainda mais aqui, é espetacular. Há mais euforia, mais emoção, e os emigrantes vivem isso, sem tirar mérito aos portugueses que vivem no país. É uma loucura ver a Seleção na Alemanha e a ganhar, ainda por cima», diz o funcionário do restaurante da esquina da Ditmar-Koel-Strasse com a Rambachstrasse.
Casa do Benfica: «Se qualquer um deles entrasse aqui, o bairro ia fechar»
No Restaurante Casa do Benfica, do aveirense Albano Rocha, já se multiplicam os contactos para tentar arranjar bilhetes. O genro, Fábio Frade, acredita que ter a Seleção em Hamburgo «seria a loucura». «Lembro-me que em 2016 juntaram-se aqui mais de 10 mil pessoas para festejar a vitória portuguesa», recorda.
E se a equipa orientada por Roberto Martínez visitasse o bairro português? «Seria uma coisa inexplicável. O bairro fechava, sem hipótese. Se qualquer um deles entrasse aqui, o bairro ia fechar», acrescenta, sem hesitar ao ser desafiado a escolher um jogador - e apenas um – para visitar o estabelecimento da família. «Quem é que íamos escolher?! Não é por ser pró-Ronaldo, que eu gostava de conhecer todos, mas se houvesse essa hipótese, escolhia o Cristiano.»
O Farol: «Gostava muito que eles viessem cá»
Sentado na sua esplanada, Virgilio Gomes da Silva sorri com a possibilidade de receber a Seleção. «Gostava muito que eles viessem cá. Como acontece quando equipas portuguesas jogam aqui por perto, que aparece sempre um ou outro aqui pelo bairro, a passear. Isto tinha de fechar, para o pessoal andar tranquilo», refere o dono do restaurante O Farol.
Virgílio não se importava de fechar a casa só para eles. «Gostava que viesse o Félix ou o Pepe», responde.