Bernardo Topa fica cego após disparos da PSP em Lisboa

  1. Bernardo Topa tem 28 anos
  2. Foi atingido no olho esquerdo
  3. A bala destruiu totalmente o olho
  4. PSP abriu inquérito aos agentes envolvidos

Bernardo Topa, de 28 anos, estava na zona do Saldanha com amigos durante as celebrações do bicampeonato do clube, quando foi apanhado no fogo cruzado de uma ação da PSP. Em relato ao jornal Record, Bernardo descreve o momento angustiante: “Eu estava com amigos. À nossa volta estava tudo a abrir fogo de artifício e engenhos pirotécnicos. Como já tinha a experiência do ano anterior, e sabia que a Polícia podia intervir com cassetetes, procurei afastar-me tanto quanto pude.”

Infelizmente, o seu cuidado não foi suficiente. “De repente vi agentes armados com shotgun a disparar sobre a multidão e o que aconteceu foi que uma bala perdida acertou-me no olho esquerdo e fiquei cego”, contou ele, explicando como aconteceu o seu ferimento. A gravidade da situação não pode ser subestimada, pois a bala atingiu o seu olho esquerdo, resultando em cegueira total: “A bala destruiu o olho. Saí dali a correr desesperado com dores e a escorrer sangue. Depois a ambulância ainda demorou a chegar, mas acabei por ser transportado para o Hospital de São José, onde fui operado para retirar os estilhaços e continuo internado.”

Inquérito da PSP

Esta tragédia chamou a atenção da Direção Nacional da PSP, que anunciou a abertura de um inquérito aos polícias envolvidos. Em resposta à agência Lusa, a PSP afirmou que o objetivo do inquérito é “apurar as circunstâncias em que tal intervenção ocorreu”. Um porta-voz lamentou os ferimentos ocorridos: “Lamentavelmente, a PSP teve conhecimento de ferimentos em cidadãos, aos quais foi prestado todo o auxílio, contactando de imediato o INEM para prestação de socorro especializado e apoio médico.”

No entanto, a PSP não confirmou a situação do adepto que ficou sem um olho. De acordo com as informações divulgadas pelo Record, a ação da PSP na Praça do Saldanha foi justificada pela necessidade de manter a ordem pública após arremessos de pirotecnia: “Conforme já comunicado à imprensa no final da operação relacionada com os festejos do final do campeonato de futebol em todo o país, com especial incidência em Lisboa e Braga, a PSP diz que a ação decorreu de forma globalmente tranquila, positiva e serena.”

Intervenção da Unidade Especial de Polícia

O porta-voz ainda destacou que houve necessidade de intervenção da Unidade Especial de Polícia: “Numa dessas situações, sublinhou, impôs-se a intervenção da Unidade Especial de Polícia da PSP, devido ao arremesso de artigos de pirotecnia (baterias de fogo de artifício) na direção dos polícias, tendo havido necessidade de utilização de meios coercivos por parte da PSP, incluindo o emprego de arma antimotim com recurso a bagos de borracha.”

No final da operação, a PSP informou que os feridos foram identificados e que os factos foram comunicados ao Ministério Público: “Quanto aos polícias intervenientes na reposição da ordem pública na Praça Duque de Saldanha, em Lisboa, foi determinada a instauração de processo de inquérito, na PSP, para apurar as circunstâncias em que tal intervenção ocorreu.”