Em entrevista a A BOLA, Andreia Jacinto, média da Real Sociedad, fez um balanço de quase cinco anos com a camisola da Seleção Nacional, refletindo sobre os desafios e as expectativas para o Euro 2025. “A verdade é que não. Ainda me lembro desse jogo, quase não dormi essa noite de tão nervosa que estava, e estava assim no balneário antes de começar o jogo. Passou tudo tão rápido e não esperava que fosse tudo tão bonito,”
disse Andreia, ao recordar o seu primeiro jogo com a Seleção contra a Bélgica, aos 17 anos.
À medida que Portugal se prepara para disputar a quarta fase final em menos de dez anos, a ambição de Jacinto é evidente. “Portugal está a ter um crescimento muito grande e tem que estar sempre nestes palcos. Cada vez mais estamos a fazer melhores qualificações e isso é sinal do crescimento do futebol feminino português e do passo à frente que a jogadora portuguesa está a dar a nível individual. Chega um momento em que não podemos simplesmente marcar presença, temos de fazer com que aconteçam coisas. Para mim e para todas nós, é um objetivo que Portugal passe esta fase de grupos e que comece a estar nas disputas a sério. Podemos fazer um caminho muito bonito e engraçado nesses palcos a jogar contra as melhores seleções.”
Crescimento da Seleção
Além do crescimento da equipe, a presença dos fãs é vista como um elemento crucial. “Eu acho que o apoio dos portugueses se sente bastante. Tivemos agora o jogo da Liga das Nações na Bélgica e ouvia-se mais portugueses a cantar do que propriamente belgas. Isso durante o jogo dá-nos um boost de energia e de confiança muito importante. Pode fazer a diferença na nossa motivação durante os jogos.”
Este Euro será particularmente especial para Andreia, que perdeu a oportunidade de participar no Euro 2022 devido a uma lesão. “Foi uma situação muito difícil para mim porque era ainda mais jovem e custava-me a acreditar porque tinha de acontecer aquilo. É o sonho para qualquer jogadora estar nesse palco a jogar contra as melhores seleções. Foi um golpe muito duro,”
recorda.
Mudança de Mentalidade
Questionada sobre a mudança de mentalidade em Portugal após o Mundial de 2023, onde o futebol feminino ganhou maior visibilidade, Andréia Jacinto deixou claro: “Sinto que como tanta gente nos apoiou e estava connosco nessa caminhada, continuaram a seguir mais o futebol feminino. Uma coisa que me toca muito é ver rapazes cujos ídolos são jogadoras. É uma coisa que dantes não se passava. Poder ver que as coisas estão a mudar para melhor no futebol feminino é algo que valorizo imenso.”
A jogadora de 23 anos, com 47 internacionalizações, também sente a responsabilidade de ser uma referência para as mais novas. “Custa-me acreditar nisso, eu penso sempre que ainda estou muito longe. Já vejo algumas meninas mais jovens a dizer que sou a referência delas, mas para mim é surreal.”
Estilo de Jogo e Parcerias
Num tom mais pessoal, discussões sobre o seu estilo de jogo e parcerias em campo foram abordadas. “Com a Tatiana sinto-me muito à vontade, porque também já tinha jogado com ela no Sporting. Eu quando quero subir tenho a confiança plena de que a Tati vai estar a fazer o sítio de onde eu tinha que estar e não tenho sequer de me preocupar. Ter essa liberdade é muito bom para jogar contra outras equipas que não sabem as movimentações que vamos ter, quem vai subir, quem vai descer. Sinto que fazemos uma boa dupla ali no meio.”
Por fim, Andreia expressou os seus desejos para o futuro, tanto no campo como fora dele. “Gostava que pensassem em mim como uma jogadora que gostava de ter bola, que fazia com que as pessoas desfrutassem ao ver futebol. Fora de campo também gostava que olhassem para o trabalho e para os esforços que fiz para tentar ser profissional num todo.”
concluiu, reafirmando sua ambição.