A discussão sobre a competitividade da Liga Portuguesa de Futebol é um tema recorrente no panorama desportivo nacional. Enquanto alguns acreditam que estamos a evoluir positivamente, outros entendem que a evolução tem sido negativa. Para obter uma opinião mais fundamentada, é crucial analisar os diferentes fatores que afetam a competitividade desta liga.
Neste artigo, iremos explorar diversos aspectos que moldam a competitividade da principal competição de futebol em Portugal, com o intuito de compreender melhor os desafios e oportunidades que enfrentam os clubes e a própria liga.
Mercado Interno e Poder de Compra
Um dos fatores a considerar é o tamanho do mercado interno e o poder de compra da população. Portugal tem uma população de 10,58 milhões de habitantes, enquanto a Bélgica conta com 11,8 milhões e os Países Baixos com 17,8 milhões. Além disso, o salário médio mensal em Portugal é de €1600, comparado com €4940 na Bélgica e €2150 nos Países Baixos.
Estes dados revelam a menor capacidade financeira de Portugal em comparação com os seus concorrentes, o que se reflete na sua menor capacidade de atrair patrocinadores e investidores de grande dimensão, bem como no poder de compra dos adeptos. Esta disparidade pode ser um obstáculo à competitividade da liga portuguesa.
Organização das Competições
Outro aspeto relevante é a estruturação das competições. Portugal tem 18 equipas na sua principal liga, o mesmo número que os Países Baixos, apesar de ter menos habitantes e menor poder de compra. Já a Bélgica, com um número de habitantes um pouco superior a Portugal e muito maior poder de compra, possui apenas 16 equipas no primeiro escalão.
Estas diferenças na estruturação dos campeonatos acabam por ter implicações na média de público por estádio, sendo que nos Países Baixos essa média situa-se entre 80% e 90% da lotação, enquanto em Portugal é substancialmente inferior. Uma reforma do quadro competitivo português, com a redução do número de equipas na primeira liga, poderia ser uma opção a considerar, de modo a ficar mais alinhado com a realidade económica nacional.
Competições Europeias e Distribuição de Receitas
Um outro ponto importante é a forma como as competições europeias são encaradas. Na Bélgica e nos Países Baixos, quando os clubes têm sucesso nas competições europeias, todos beneficiam, pois 10% das receitas ganhas são distribuídas por todos os clubes. Isto potencia a criação de condições para que os clubes que representam o país tenham sucesso e promove uma maior competitividade interna.
Ao contrário, em Portugal, o sucesso de alguns clubes nas competições europeias nem sempre se traduz em benefícios para os restantes. Esta falta de redistribuição de receitas pode criar desequilíbrios e limitar a competitividade da liga como um todo.