A saída de Rúben Amorim do Sporting levantou dúvidas sobre a verdadeira origem do sucesso recente do clube. Será que a recuperação leonina era apenas fruto da liderança do treinador, ou tinha raízes mais estruturais?
Nos primeiros resultados após a sua partida, a resposta parece ser clara: não era uma construção sólida, e tudo girava em torno das capacidades de Amorim. Mas será precipitado tirar essa conclusão tão cedo?
A saída de Amorim e a reação do Sporting
O Sporting «desmembrou-se e abanou muito mais que o desejável» com a saída de Amorim, «verdadeiro "cimento-cola" dos sucessos recentes». No entanto, «um mês e cinco jogos são manifestamente curtos para avaliar a decisão de fazer subir João Pereira à equipa principal». É importante dar tempo ao novo treinador para mostrar o seu trabalho.
Contudo, «o professor-juiz tempo nem sempre se dá bem com as emoções do futebol». Após três derrotas consecutivas, o Sporting «voltou num ápice a ser o clube que foi nos últimos 50 anos: instável, pouco solidário, carregado de guerras de Alecrim e Manjerona, com muita politiquinha e poucas políticas de verdade. Com muito fervor mas pouca união.»
O regresso aos velhos hábitos
O lançamento de «um artefacto pirotécnico» contra os jogadores após a derrota na Bélgica «recordou a chuva de foguetes e petardos lançados há uns anos para cima da baliza de... Rui Patrício». Esta «pirotecnia» é uma «das formas mais óbvias de os adeptos do Sporting comunicarem os seus estados de alma».
Se não houver «sangue frio», o Sporting «arrisca regressar ao passado, candidatando-se a ganhar campeonatos esporadicamente a cada 20 anos, que é o que lhe sucede desde o início da década de 80 do século 20.»
Conclusão
O futuro do Sporting dependerá de saber se a sua recuperação recente era apenas «obra coletiva e estruturada» ou se era «o resultado de uma conjugação de fatores, leia-se pessoas, leia-se Amorim e Hugo Viana». O tempo irá revelar se o clube consegue manter-se no caminho do sucesso ou se regressa aos velhos hábitos de instabilidade.