No tribunal, Nuno Cerejeira Namora, antigo vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral do FC Porto, revelou uma perspectiva intrigante sobre o falecimento de Pinto da Costa. Namora afirmou que Pinto da Costa “tomava as dores” de Fernando Madureira, antigo líder da claque “Super Dragões”, o que teria influenciado a sua saúde. Durante o 18.º dia de julgamento da Operação Pretoriano, ele comentou sobre a relação próxima entre ambos: “Vivi muito mais com Pinto da Costa depois de perder as eleições do que os quatro anos em que trabalhei com ele. Há quem diga que o que o matou foram a operação, o cancro, a auditoria, a derrota nas eleições... Eu digo que Pinto da Costa morreu porque tomava as dores de Fernando Madureira. Sentiu que estava preso por ele.”
As tensões dentro do clube e as divergências nas Assembleias Gerais também foram um foco das declarações de Namora. Ele criticou Lourenço Pinto, presidente da MAG, por uma gestão “egocêntrica e autocrática” do seu cargo. Namora referiu que a MAG estava preocupada com a divisão que se criou no clube: “A MAG estava muito preocupada, porque se apercebeu que havia duas tendências, uns do lado de Pinto da Costa e outros de Villas-Boas, com as redes sociais a arder, incendiadas por ambas as partes.”
Tensões e Críticas na Gestão
As advertências de Namora não foram ouvidas, e ele relatou que Lourenço Pinto decidiu transferir a AG para o Dragão Arena sem garantir a segurança necessária: “Estava constantemente a aproximá-las dos ouvidos do Lourenço Pinto para que ele se apercebesse do que se passava à volta dele.” Este procedimento evidenciou uma falta de sensibilidade nas decisões tomadas pela MAG, que ignorou as preocupações expressas por Namora.
A situação foi exacerbada pelo clima de tensão crescente entre os adeptos, refletindo uma divisão profunda dentro do clube. A falta de uma comunicação clara e eficaz entre a gestão e a base de adeptos tem potencial para agravar ainda mais as fricções já existentes, o que poderá ter consequências graves para o futuro do FC Porto.
Reconhecimento e Controvérsias
O testemunho de Namora não poupou elogios a Madureira, afirmando que o líder da claque é um “jovem empreendedor”, que soube trilhar o seu caminho: “Quem veio do mesmo lugar do que ele, está morto ou preso. Ele soube aproveitar as oportunidades da vida, apanhou o elevador social.” Este reconhecimento pode mudar a percepção pública sobre Madureira, que actualmente enfrenta sérias acusações.
Namora destacou a dualidade de caráter de Madureira ao afirmar: “Tem o defeito de ser vaidoso e está a pagar por isso.” A admiração por Madureira contrasta com as circunstâncias difíceis que ele enfrenta, levantando questões sobre a sua influência no ambiente do FC Porto.
O Futuro do FC Porto
A situação do clube permanece tensa, com os processos a sobrepor-se a uma gestão que parece cada vez mais fragmentada. A ligação entre a comunidade e a liderança no FC Porto poderá estar em questão, refletindo-se nas acções e estratégias futuras da direcção. A falta de coesão interna e a crescente divisão entre os adeptos colocam em risco a estabilidade do clube, que já teve tempos melhores.
O testemunho de Nuno Cerejeira Namora é um alerta para os dirigentes actuais, que devem considerar as vozes dos adeptos e a importância da unidade para o sucesso a longo prazo do FC Porto. A capacidade de ouvir e agir em conformidade poderá determinar o futuro do clube nos próximos tempos.