Domínio absoluto, mas falha no livre direto
Numa época plena de sucesso e marcada pela quebra de vários recordes do clube de Alvalade - mais pontos (87, podendo chegar aos 90), mais triunfos (28 antes da receção ao despromovido Chaves) e mais golos marcados nos últimos 50 anos - uma das imagens de marca do Sporting de Rúben Amorim versão 2023/2024 é a sua incrível veia goleadora. Os novos campeões nacionais acumularam um impressionante total de 141 golos em provas oficiais: 93 na Liga, 26 na Taça de Portugal, seis na Taça da Liga e 16 na Liga Europa. Um apetite ofensivo que devastou várias defesas em solo nacional.
Golos de todas as formas, menos de livre direto
Com os golos a surgirem de todas as formas e feitios - só no campeonato 13 foram de autoria de defesas e até de lançamento de linha lateral o capitão Coates marcou, estabelecendo o empate 3-3 em Vila do Conde na jornada 23 - só se verifica uma curiosa e maldita exceção: os pontapés de livre direto. Nesta temporada, os leões ainda não conseguiram marcar por uma vez que fosse neste tipo de lances.
O último golo de livre direto foi há 3 anos e meio
Este mal já vem de trás e há muito que está diagnosticado, limitando-se a repetir o redondo zero conseguido nas duas últimas épocas. O último golo de livre direto da equipa de Alvalade foi apontado por Pedro Porro, a 5 de dezembro de 2020, na 9.ª jornada da Liga 2020/2021, aos 45+4 minutos de um jogo que acabou de forma tumultuosa, o do célebre «onde vai um vão todos...» e concluído com uma igualdade 2-2. Desde aí - e já lá vão três anos e meio e 126 jogos de campeonato! - não mais o Sporting marcaria neste tipo de lances que exige trabalho de laboratório, potência de remate… e algum jeito.
Especialistas do passado já não estão na equipa
Nas cinco épocas anteriores a esta, o Sporting só mostrou capacidade para marcar de bola parada com remates de fora da área entre 2018 e 2020, quando dispôs de especialistas como Jovane Cabral, Bruno Fernandes ou o central francês Jerémy Mathieu. Aliás, um dos últimos especialistas nesta matéria que pisou relvados nacionais foi precisamente o atual capitão do Manchester United, que nas suas duas temporadas e meia de leão ao peito teve êxito em sete livres diretos (quatro na Liga).
Rivais também não são grandes mestres
Comparando com os dois principais rivais, nenhum se pode ficar propriamente a rir, mas ambos apresentam números ainda assim ligeiramente superiores. Nas últimas três temporadas, o Benfica fez três golos deste modo, através de Grimaldo (dois em 2022/2023) e Di María esta época, enquanto o FC Porto também somou três, por intermédio de Luis Díaz e Sérgio Oliveira (2021/2022) e Francisco Conceição no triunfo em Chaves há duas semanas.