Francisco J. Marques, antigo diretor de comunicação do FC Porto, prestou testemunho sobre a controversa Assembleia Geral (AG) que ocorreu a 13 de novembro de 2023. A sua presença no tribunal destacou incidentes significativos que marcaram a reunião. Entre as suas declarações, Marques manifestou a sua surpresa: ““A única coisa que estranhei foi porque é que a polícia não entrou””
, refletindo a falta de intervenção policial durante os conflitos que surgiram entre os associados na AG no Dragão Arena.
Mencionou ainda uma conversa que teve com Tiago Gouveia e Carlos Carvalho sobre a segurança do evento, onde foi esclarecido que a decisão de chamar a polícia pertencia ao responsável pela segurança do clube. ““Lembro-me que essas pessoas criticaram o presidente da AG pela forma como aquilo tinha sido organizado, porque eles são as pessoas do FC Porto que tratam da operação””
, afirmou Marques. A frustração pela falta de organização foi evidente, considerando a afluência anormal de sócios, algo que observou ao longo dos anos em que participou em AGs no clube.
Afiliados e Contestações
Francisco J. Marques recordou: ““Todos nós sabíamos que aquela Assembleia Geral iria ter uma afluência anormal em relação ao que era costume””
. Durante o seu depoimento, ele sublinhou que nunca tinha visto um auditório tão preenchido como o que se observou naquela ocasião. O ex-diretor expressou que a motivação dos sócios para participar estava directamente relacionada com o clima de contestação à direcção, o que ajudou a criar uma lotação máxima no espaço. ““Havia uma enorme contestação da parte dos sócios à Direção e criou-se a ideia de que a alteração dos estatutos servia para beneficiá-la””
, declarou, evidenciando o descontentamento generalizado.
Na semana que antecedeu o evento, Marques disse ter sabido que o Dragão Arena era considerado um local alternativo em caso de superlotação. Contudo, estranhou a ausência de medidas de segurança adequadas, especialmente ao observar a significativa presença policial do lado de fora: ““A única estranheza que senti foi ter visto muito poucos seguranças no interior do Dragão Arena””
.
Confusão na Assembleia
Após a confusão que se gerou após o discurso de Henrique Ramos, Marques descreveu o ambiente conturbado: ““Senti que muitas pessoas estavam indignadas... a única pessoa que identifiquei foi o Fernando Madureira””
. Segundo o seu relato, a confusão teve início numa escalada de descontentamento que culminou em discussões acaloradas e intervenções quase físicas, demonstrando o clima de tensão que imperava na sala.
Quando questionado sobre a atmosfera que reinava, Marques reiterou que não sentiu intimidações, mas sim uma desconfortável perturbação. ““Não, não senti isso... Depois, quando se gera a grande confusão, as pessoas começam a desviar-se e fica ali uma clareira...””
. Ele observou que a situação evoluiu de discussões em grupo para um cenário caótico, embora tenha enfatizado que a intervenção policial inicial não era considerada necessária devido à tranquilidade histórica das AGs anteriores.
Reflexão sobre a Segurança
Por fim, ao refletir sobre os eventos que ocorreram, Marques condenou publicamente a situação, afirmando que parecia uma ““benfiquização do FC Porto””
. Referindo-se à violência que marcou a reunião como um sinal de transição na cultura do clube que até então era vista como inalterada, disse: ““Disse que aquilo era uma espécie de benfiquização do FC Porto, porque aquilo nunca tinha acontecido numa AG do FC Porto””
. Esta preocupação levanta questões fundamentais sobre a segurança, a organização das Assembleias Gerais e a responsabilidade dos dirigentes, tópicos que continuarão a ser debatidos na actualidade do clube.