A vontade expressa por Gabri Veiga em regressar à Europa foi muito mal recebida pelos adeptos do Al Ahli, que o assobiaram no final do desafio com o Al Ettifaq. No entanto, esta situação acaba por funcionar como um trunfo a favor do FC Porto nas conversas com o clube árabe. O médio está convencido com o projeto dos dragões, que lhe oferecem a possibilidade de competir regularmente nas competições europeias – na próxima época será a Liga Europa – e aguarda serenamente por uma aproximação entre as duas partes, ainda distantes quanto ao valor base da operação.
Apesar de terem feito uma nova tentativa nas últimas horas, O JOGO sabe que os portistas ainda precisam de partir alguma pedra para convencer o emblema de Jeddah, que espera recuperar boa parte do investimento feito há dois anos, quando pagou 30 M€ ao Celta de Vigo para contratar o espanhol. Ciente desse desejo, a SAD liderada por André Villas-Boas tem procurado enquadrar o negócio da melhor maneira possível para não prejudicar a evolução positiva que as finanças têm registado, mas não irá entrar em loucuras pelo atleta de 22 anos, que esta temporada soma oito golos e seis assistências em 45 aparições pela equipa que no mercado de inverno levou Galeno do Dragão.
Proximidade e Recuperação no Dragão
Gabri Veiga vai deixar o Al Ahli e está cada vez mais perto de ser reforço do FC Porto, que lhe pôs em cima da mesa um contrato até 2030. O médio de 22 anos está mais perto de se tornar ídolo no Dragão, um estádio que conhece bem e que foi fundamental para a sua ainda curta carreira.
Surpreendido? O Maisfutebol revela esta curiosa história. Quando, há pouco mais de um ano, em fevereiro de 2024, Gabri sofreu uma lesão no tornozelo, que o deixou fora de competição por três meses, a recuperação foi realizada na Clínica do Dragão sob a orientação de Niek van Dijk, um dos maiores especialistas mundiais neste tipo de contusões. Com a família a viver no Porriño, nos arredores de Vigo, o espanhol aproveitou a proximidade com o Porto – cerca de 120 quilómetros – e o prestígio do médico neerlandês para recorrer à infraestrutura médica localizada no interior do estádio portista.
A relação com o Al Ahli
Esta ligação à Invicta foi determinante para convencer Veiga a considerar o FC Porto como uma boa opção para cumprir o seu desejo de regressar à Europa, mesmo abdicando de um salário milionário na ordem dos 12 milhões de euros por época. A vontade do galego Veiga tem um papel decisivo nas negociações, mas não é o único ponto a favor dos dragões.
Outro fator importante é o galês Lee Congerton, atual diretor desportivo do Al Ahli, que é amigo de longa data do presidente do FC Porto, André Villas-Boas. A amizade remonta a 2004, quando ambos faziam parte do staff técnico do Chelsea, na altura em que José Mourinho deixou o Porto campeão europeu para assumir o comando dos londrinos.
Conversas entre dirigentes
Além de serem antigos conhecidos, Congerton teve um papel importante no scouting do Chelsea, quando Villas-Boas foi contratado como técnico, após a sua passagem pelo FC Porto. No início de abril, Congerton esteve no Dragão, onde levantou a possibilidade de Veiga se tornar reforço do FC Porto. As imagens da conversa informal entre Villas-Boas e Congerton, captadas pelas câmaras de TV, revelam a seriedade com que ambas as partes encaram a transferência.
A vontade do jogador e as boas relações entre dirigentes podem ser, portanto, determinantes para que Gabri Veiga acabe mesmo por vestir de azul e branco. No entanto, a dificuldade neste momento prende-se com a engenharia financeira que envolve o negócio.
O investimento do Al Ahli
É importante lembrar que o internacional jovem espanhol surpreendeu o mercado quando, há dois anos, trocou o seu Celta de Vigo pelo Al Ahli a troco de 30 milhões de euros. Agora, o FC Porto quer contar com o médio que vê como substituto ideal de Nico González já para o Mundial de Clubes, e pôs na mesa uma proposta na ordem dos 17 milhões de euros.
Em vias de perder o jogador a custo zero dentro de um ano, o Al Ahli tenta recuperar ao máximo o investimento feito e, desse modo, quer salvaguardar uma fatia importante do passe do jogador para uma eventual futura transferência. Veiga tem contrato com os sauditas até junho de 2026, mas está disposto a reduzir drasticamente o seu vencimento para relançar a sua carreira na Europa.
A vontade de Veiga de sair
A determinação de Veiga em sair é pública na Arábia Saudita, de tal forma que o jogador saiu assobiado pelos adeptos do Al Ahli no jogo da passada quinta-feira. O FC Porto tenta agora conjugar as vontades e conta com Veiga como aliado para convencer o Al Ahli a aceitar uma estrutura do negócio razoável para os cofres da SAD.
O jogo de paciência segue, com as negociações a continuarem dentro de momentos, enquanto o futuro de Gabri Veiga permanece incerto.