Domingos Paciência, um dos jogadores que mais vezes representou o FC Porto (381 jogos) durante a presidência de Pinto da Costa, recorda o seu percurso no clube, iniciado em 1987 quando o antigo dirigente o integrou nas camadas jovens.
O ex-avançado salienta a capacidade de Pinto da Costa em identificar e valorizar os jovens talentos, uma faculdade que o marcou profundamente.
A confiança de Pinto da Costa nos jovens
O Pinto da Costa era o presidente e tinha a capacidade de ver quem éramos e quem podíamos ser. Valorizava a qualidade dos jovens, não só no meu caso, aconteceu com muitos outros jogadores. Saber escolher era uma grande faculdade que ele tinha, afirmou Paciência.
Ao longo da sua carreira no FC Porto, Domingos recorda as diversas vezes em que Pinto da Costa o manteve no clube, mesmo perante propostas de outros clubes, talvez mais atrativas.
A insistência de Pinto da Costa em manter Paciência no FC Porto
Quando estava a fazer a transição da formação para a equipa principal, havia muitas equipas secundárias que queriam contratar-me e ele nunca quis deixar-me sair, explicou.
Mesmo após se afirmar com Bobby Robson, Paciência recebeu propostas de clubes como o Inter, o PSG e o Deportivo da Corunha, mas Pinto da Costa insistiu em mantê-lo no FC Porto.
Ele sempre me disse que eu era importante para ele e para o clube. E não são apenas palavras, porque sou um dos onze jogadores que mais jogaram na equipa durante a sua presidência, revelou o antigo avançado.
A despedida de Paciência do FC Porto
Eventualmente, Domingos Paciência acabou por deixar o FC Porto e rumar a Espanha, um processo que não foi fácil.
Estivemos a negociar durante um dia inteiro, até às quatro da manhã. Ele não me queria vender, até chegámos a apalavrar a minha renovação. Cheguei a casa e telefonei-lhe a insistir e ele disse-me: "Está bem, então vai". Disse-me com tristeza.
Dois anos depois, Paciência esteve próximo de assinar pelo Sporting, mas Pinto da Costa voltou a intervir para impedir a sua saída de Portugal.
Dois anos depois, estava próximo de assinar pelo Sporting e ele ligou-me para dizer que não podia dar esse passo e voltei atrás. Não podia dizer que não e regressei em 1999.
Por fim, Domingos Paciência recordou a última vez que conviveu pessoalmente com Pinto da Costa, na apresentação do seu livro em 2023.
A última vez que estivemos juntos foi na apresentação do meu livro em 2023. A cerimónia estava muito atrasada porque o Sérgio Conceição não tinha chegado e eu fui dizer-lhe que íamos começar. Ele disse-me que eu não tinha de esperar.
Quando o Sérgio estava na sala, perguntou-me se a minha mulher já tinha chegado e disse-me que então não podíamos começar. Esta é apenas uma amostra do grande afeto que ele sempre demonstrou por mim e pela minha família, concluiu Paciência.