Contas da SAD do FC Porto a caminho do equilíbrio
O FC Porto cumpriu os controlos trimestrais de 'fair play' financeiro da UEFA em junho e setembro, após liquidar 34 milhões de euros (ME) de dívidas antigas a fornecedores, obtendo 59 ME fixos pela transação de futebolistas.
Ao apresentar o relatório e contas da SAD, que contemplou um resultado líquido negativo de 21 milhões de euros (ME) na temporada 2023/24, o administrador financeiro José Pereira da Costa sinalizou os passos dados pela nova gestão de André Villas-Boas para recuperar a credibilidade do clube junto dos parceiros.
Pagamentos imperativos liquidados a tempo
«Voltámos a ter credibilidade junto dos nossos parceiros. Até 30 de junho, tínhamos pagamentos imperativos de cerca de 16 ME. Se não fossem realizados, incumpríamos a regra que já nos levou a ter uma multa [em maio, de 1,5 ME] e a pena suspensa de desqualificação das provas europeias», apontou o dirigente, em conferência de imprensa.
A estrutura de André Villas-Boas, sucessora da anterior administração de Pinto da Costa desde 28 de maio, denunciou ter encontrado compromissos imediatos de 12 ME para liquidar até ao final desse mês, mais 16 ME de dívidas vencidas a fornecedores correntes.
Renegociação de contratos e novos financiamentos
José Pereira da Costa lembrou também o desfasamento entre passivo e ativo corrente da SAD, que terá de pagar 93 ME a clubes até junho de 2025, recebendo apenas sete ME.
«Quando tomámos posse, a liquidez disponível estava em mínimos históricos. Além disso, não havia nenhum processo de financiamento em curso. A única operação ativa era com a Ithaka Infra III, num acordo [de exploração comercial do Estádio do Dragão] que tinha sido celebrado por 65 ME, mas conseguimos renegociá-lo para, no limite, 100 ME», notou.
Reestruturação de dívidas e controlo de custos
Até 30 de setembro, a administração de André Villas-Boas já saldou 34 ME de dívidas antigas a fornecedores, encimadas pelas aquisições de jogadores. A SAD liquidou também 11 ME em consumos correntes, sem dilatar os saldos vencidos na maior parte dos casos.
O lançamento de um programa de papel comercial, que levantou quase 12 ME a 5% de juro, o incremento de receitas comerciais sem custo e a contenção de encargos salariais contribuíram para reequilibrar as contas e corresponder às exigências da UEFA.
Futuro próximo e objetivos desportivos
Numa semana em que recebeu 50 ME do contrato com a Ithaka, a administração revelou o desejo de concretizar até ao fim do ano outras operações de financiamento em curso.
Outras prioridades são a potenciação de receitas operacionais, nomeadamente as comerciais, ou a manutenção de investimento na equipa principal, visando a presença assídua na Liga dos Campeões, objetivo falhado pelos 'dragões' na época passada.