Após anos de gestão opaca no FC Porto, a atual direção liderada por André Villas-Boas tem procurado aumentar a transparência do clube, com a criação de um portal online que detalha as contas e as atividades do Dragão. No entanto, as recentes revelações sobre as comissões milionárias pagas a intermediários durante a era de Pinto da Costa mostram um cenário preocupante de falta de controlo e de possíveis desvios de dinheiro.
Um dos principais protagonistas deste esquema é Pedro Pinho, um intermediário que, segundo os dados revelados, encaixou cerca de 7,5 milhões de euros em comissões por diversos negócios envolvendo o FC Porto, muitos deles sem qualquer ligação direta ao jogador ou ao clube. Nas palavras do autor, «Pinho e as suas empresas encaixaram 7,5 milhões de euros (sete milhões e meio de euros, assim, por extenso, para que todos possamos ler sem dúvidas) na intermediação de negócios sem fim, sendo que na esmagadora maioria dos mesmos não era nem empresário do futebolista, nem funcionário dos clubes envolvidos».
Transferências que levantam dúvidas
Um exemplo flagrante é a transferência de Sérgio Oliveira para o Galatasaray, que resultou em menos-valias para o FC Porto. Apesar de o negócio ter sido avaliado em 3 milhões de euros, o Dragão acabou por receber apenas 821 euros, com o restante a ser absorvido por comissões e mecanismos de solidariedade. Desses 3 milhões, 1,082 milhões foram parar à conta de Pedro Pinho.
Outros casos igualmente preocupantes são as vendas de Otávio, em que Pinho ficou com 17 milhões de um negócio de 60 milhões, e a chegada de Gabriel Veron e Marko Grujic, que renderam 17% de comissão ao intermediário.
Aposta na transparência é vista como positiva
Segundo o autor, «a pornografia financeira e o saque organizado levaram o FC Porto à pré-ruína. Isto é claríssimo e a autópsia às contas irá prová-lo». O autor considera que os responsáveis pela gestão passada «tinham a obrigação de pedir desculpa e aguardar em silêncio».
Neste contexto, a aposta da atual direção na transparência, com a criação do portal online, é vista como um passo positivo, embora o autor considere que o caminho deve ser imitado pelos restantes clubes nacionais. Nas suas palavras, «Os sócios têm o direito de saber, em detalhe, todas as ações decididas pela direção eleita. O caminho certo é esse e merece ser imitado por Benfica, Sporting e restantes emblemas nacionais».