O antigo médio português, Costinha, conhecido pelas suas passagens por clubes como Nacional, AS Monaco, FC Porto e Atlético de Madrid, enfrentou um capítulo conturbado na sua carreira ao representar a Atalanta. Com apenas um jogo oficial disputado em dois anos e meio de ligação ao clube italiano, a sua passagem levanta questões sobre o que falhou nesta história.
Movido pelo sonho de jogar em Itália, Costinha fez um esforço para rumar à Atalanta, mesmo tendo propostas mais vantajosas financeiramente e planos pós-carreira em Madrid. Em entrevista ao zerozero, Costinha revelou: «Jogar no futebol italiano era uma vontade que tinha desde muito pequeno. Maradona no Napoli, os holandeses do AC Milan, os alemães do Inter... Craques como Zico ou Briegel. Estava no Atlético de Madrid com 32 anos, penso. O tempo de realizar esse objetivo estava a passar.» No entanto, uma lesão complicada logo no início da época desencadeou pressões e pedidos de revisão salarial não acordados na assinatura do contrato.
Desafios na Atalanta
Costinha explicou: «O salário era alto para a realidade da Atalanta naquele tempo e duas pessoas da estrutura nunca aceitaram a minha contratação. Acabei por ter uma lesão que demorou mais tempo a recuperar ainda cedo na época, momento em que tenho de agradecer ao António Gaspar pela recuperação. Passados cinco, seis meses tiveram a primeira abordagem para baixar o salário e uma ameaça de não jogar. Rejeitei, obviamente. Não bati à porta da Atalanta para assinar. Os diferentes treinadores que passaram durante esse período, incluindo Antonio Conte, queriam que treinasse e jogasse. A direção batia o pé e não o permitia.» O episódio revela a complexidade dos bastidores do futebol e as dificuldades enfrentadas por jogadores em situações semelhantes.
Interesse do Inter
O antigo internacional português também partilhou uma situação em que o Inter manifestou interesse na sua contratação, mas a proposta foi rejeitada devido à narrativa criada pela estrutura da Atalanta: «O mister Mourinho, para perceberem, quis-me no Inter e foi proposta uma troca direta com o Olivier Dacourt. Não aceitaram, pois o filme que queriam passar aos adeptos era de um mercenário que estava sempre aleijado. Se começasse a render no Inter, os adeptos da Atalanta iam pedir explicações.» Esta revelação destaca a influência das perceções e narrativas no mundo do futebol.
Resiliência e Apoio Familiar
Apesar dos desafios enfrentados, Costinha manteve-se resiliente: «Treinava à parte, mas fiz a segunda pré-temporada toda com a equipa. Tínhamos vários médios indisponíveis para o primeiro jogo do campeonato e ainda pensei que ia para o banco, mas rapidamente recebi a informação de que não podia ser convocado. Mentalmente foi uma fase dura, mas sou uma pessoa forte e tinha a minha família comigo.» A sua determinação e apoio familiar foram fundamentais para lidar com a situação problemática vivida na Atalanta.
Recordação Positiva
Costinha não guarda ressentimentos em relação ao futebol italiano, destacando a paixão dos adeptos da Atalanta: «Não confundo clubes com pessoas. A Atalanta é maior do que o par de pessoas que me fez passar um mau bocado. Não conseguiram matar o brilho que tinha desde criança com o calcio.» Apesar das adversidades, o antigo médio recorda com carinho a cultura futebolística italiana e as interações com os tiffosi da Atalanta.
Em conclusão, a passagem de Costinha pela Atalanta foi marcada por desafios, desilusões e momentos difíceis, mas também por memórias e aprendizados. A sua história reflete a complexidade do mundo do futebol e a importância da resiliência perante as adversidades.
