Atingir a imortalidade
Numa sequência notável desta temporada, com três golos em três jogos, Ricardo Horta foi letal no pontapé que garantiu três preciosos pontos em Moreira de Cónegos. O capitão do Braga abraçou a marca que perseguia, ainda que tal não fosse uma meta assumida: atingiu o recorde de 410 jogos pelo clube, superando a icónica figura de José Maria Azevedo, que ostentava o máximo de partidas com o manto arsenalista (409), desde que pendurou as chuteiras no final da época 70/71.
«É uma marca que me honra, numa casa que me acolheu e muito me deu. Acredito que estou a retribuir tudo o que me deram. Esta ligação é uma história muito bonita», afirmou Horta, numa publicação produzida pelo Braga para assinalar este legado assinalável.
Uma carreira de excelência
São nove as épocas em que Ricardo Horta tem representado o Braga, colecionando jogos, golos e assistências, além de um futebol refinado. Atinge agora um novo patamar, podendo ainda embelezar ainda mais a sua já incrível passagem pelo clube minhoto.
Excelso fabricador de sonhos e dono de fogo de artifício em forma de golos, Horta cumpre a nona época no Minho, onde agarrou a coroa de estrela maior da era Salvador, apesar de nunca terem faltado outros jogadores de eleição. Os números que traduzem a sua passagem pelos guerreiros, ainda incompletos com muita história por escrever, já são de categoria épica: 410 jogos, 134 golos e 70 assistências. Pulverizou as marcas goleadoras de Mário Laranjo (92) e Chico Gordo (89).
Um modelo de profissionalismo
A influência de Ricardo Horta mede-se pela geometria e artilharia, também pelo impacto nos companheiros, que não raras vezes o gabam. O treinador Carlos Carvalhal ainda agora elogiou a sua «exemplar estabilidade emocional». Será essa a faceta que faz com que Horta não conviva com lesões graves, nem quebras de forma evidentes. É um criativo que se fez resistente, mesmo sendo mais franzino.
«São realmente muitos jogos e muitas emoções. Ainda mais alegrias e algumas tristezas. Isto num clube centenário, por onde passaram milhares de jogadores», documenta Horta, que pode mesmo conseguir nesta temporada o seu maior registo de jogos numa só época, pois atualmente já contabiliza 39 presenças em campo.
Rumo a novos recordes
Ainda com progressos na Taça de Portugal em aberto, o Benfica é adversário nos quartos de final, mas Horta não enfrenta problemas físicos. O motor de excelência deste Braga poderá atingir os 54 jogos, superando os 52 da temporada 19/20. E, diga-se, nunca ficou abaixo dos 43. Também é regular e furioso no seu diálogo com as balizas. Pode ainda apontar mira aos 20 golos, carregando onze remates certeiros em 24/25 com melhoria categórica no passado recente, alimentando, lá está, o reencontro do Braga com uma sequência de triunfos à sua altura.
Com Horta influente, o futebol do Braga fica mais transparente e o atual ataque ao pódio, fruto de quatro triunfos consecutivos na Liga, transmite os sinais, mesmo num cenário de fortíssima rearrumação de casa, como se viu neste mercado.