Jorge Jesus, atual treinador do Al Nassr, concedeu uma entrevista recente à RTP onde partilhou detalhes sobre a sua relação com o Benfica, os desafios que enfrentou e as marcas que episódios passados deixaram na sua carreira. Começando pela sua ligação ao clube da Luz, Jesus afirmou: ““Ganhei no Benfica aquilo que nunca ganhei em mais nenhum clube, tenho 10 títulos, sou o treinador mais titulado, até agora não apareceu nenhum, foi especial, foram anos especiais””
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Apesar dos sucessos, Jesus reconhece que a sua segunda passagem pelo Benfica foi marcada por dificuldades. Ele explicou: ““Não porque a minha segunda passagem pelo Benfica foi na altura do Covid, foi um momento muito difícil para toda a gente, para o treinador e jogadores. Foi um ano em que desportivamente não fui feliz. E também, os adeptos do Benfica, que eu pensava que compreendessem, não me perdoaram que tivesse saído do Benfica para o Sporting. Isso criou um clima sempre um bocadinho pesado na minha segunda passagem pelo Benfica””
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Relação com Luís Filipe Vieira e Rui Costa
Jorge Jesus destacou que a sua relação com Luís Filipe Vieira e Rui Costa se mantém forte. Ele disse: ““Com Luís Filipe Vieira, com Rui Costa, com várias pessoas que trabalham no Benfica. [O Luís Filipe Vieira] nos momentos mais difíceis para ele e para a família dele, estive sempre com ele e continuo a estar com ele. Vou jantar amanhã com ele””
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Este laço, cultivado ao longo dos anos, evidencia a gratidão de Jesus e o respeito mútuo que ainda permanece entre ele e os antigos colegas do clube encarnado.
Invasão da Academia do Sporting
Um dos episódios mais marcantes da carreira de Jesus foi a invasão da Academia do Sporting em 2018, um momento que o marcou profundamente. Ele partilhou: ““Marcou-me tão profundamente que nunca mais consegui ver um jogo do Sporting ao vivo. Nunca mais. Os jogadores nunca mais quiseram treinar. E eu pedia-lhes 'nós temos que treinar'. E eles 'mas nós não conseguimos entrar dentro de Alcochete, míster. Não nos peça. Não conseguimos entrar dentro de Alcochete'. Naquela altura nem os percebia muito bem, mas hoje percebo””
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Este episódio deixou cicatrizes na equipa e na forma como Jesus, enquanto treinador, experimentou uma das fases mais difíceis da sua carreira, refletindo o impacto que situações traumáticas podem ter no desporto.
Perdão e Reflexão
Mesmo diante dessas circunstâncias difíceis, o treinador mostrou um lado mais humano e afirmou que já perdoou os eventos e as pessoas envolvidas: ““Já. Aquilo não são os verdadeiros sportinguistas. Um verdadeiro sportinguista ou benfiquista não toma atos daqueles. Aproveito esta oportunidade para dizer a todas as claques dos clubes 'esqueçam isso'. Não é essa pressão que faz com que os jogadores corram mais, pulem mais, saltem. É a pressão positiva. Podem fazê-lo no estádio, dar a entender o desagrado, agora fora do estádio... esqueçam isso. Tirem isso das vossas cabeças””
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Jesus apela a uma reflexão sobre a forma como os adeptos devem interagir com os seus clubes, enfatizando a necessidade de apoio e compreensão em vez de hostilidade.
Desafio de Treinar Cristiano Ronaldo
O desafio de treinar Cristiano Ronaldo no Al Nassr também foi abordado por Jesus. Ele comentou: ““Para mim é um desafio. Ele é diferente, até a nível biológico, por isso é que tem 40 anos e ainda joga. Nós os dois pensamos da mesma maneira fora do que é o futebol. Tenho 70 anos na idade, mas não sinto em nada do que é a minha vida psicológica ou física””
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Sobre Ronaldo, Jesus afirmou: ““Ele é uma referência no mundo, aliás, nós em Portugal não sabemos valorizar o que é que ele é. Ele é a maior referência humana no mundo, é a pessoa mais conhecida no mundo. Não há comparação possível, é a maior celebridade do mundo. Está muito para lá do mundo do futebol””
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