Nuno Catarino, CFO do Benfica, foi um dos convidados da 3.ª Conferência Bola Branca, da Renascença, onde abordou a questão da centralização dos direitos televisivos. Ele alertou: “Temos de pensar se ao darmos um passo em frente não estamos a dar um passo para o precipício. Basta dar um passo atrás, refletir sobre como tornar o produto melhor e dar dois passos em frente.” Numa altura em que a centralização dos direitos está a gerar discussões, Catarino sublinhou a necessidade de refletir sobre a situação atual antes de avançar com mudanças.
A centralização está a levantar diversas interrogações sobre o valor que o Benfica traz ao futebol português. “Queremos trabalhar para a valorização do futebol português. O objetivo principal é valorizar o futebol português, mas ao valorizarmos o Benfica estamos a valorizar o futebol português. Queremos promover o espetáculo e o produto, mas sem darmos um passo atrás”, afirmou o CFO, enfatizando que a distribuição de valores deve ser discutida apenas depois de se criar um produto melhor.
Visões sobre a Centralização dos Direitos Televisivos
Catarino destacou que “cada mercado tem as suas regras. A forma como se distribui é talvez o menos importante. Passamos demasiado tempo a falar como é que vamos distribuir coisas que ainda nem sequer criámos. Primeiro temos de criar um produto melhor, há condições para isso. Os nossos jovens têm um talento nato.” Esta reflexão evidencia a sua preocupação com os investimentos em infraestruturas, comparando-os com as fundações de uma casa: “quando construímos uma casa, começamos pelas fundações.”
Segundo ele, a questão do valor do futebol português é fundamental: “Trabalhei 25 anos como consultor de negócios e há uma regra básica: as coisas valem o que as pessoas pagam por elas.” Sem coragem e inovação, a ambição da Liga pode tornar-se contraproducente, e Catarino alerta: “Se não tivermos o arrojo de pensar diferente e só discutirmos chaves de distribuição de uma coisa que não está criada, vai correr inevitavelmente mal. O Benfica não está disposto para contribuir para discussões estéreis.”
Transferências e Estratégia de Plantel
Outro tema abordado foi o mercado de transferências, onde Catarino afirmou: “O Benfica não está vendedor. Não está pressionado para vender.” Contudo, reconhece que ajustes no plantel são necessários: “São os pequenos ajustes que terá de se fazer.” Este equilíbrio entre venda e compra é vital para manter a competitividade desejada.
A ambição do clube está clara na visão de Catarino, que disse: “Chegar aos 500 milhões tem várias lógicas e substâncias por trás. É o número que acreditamos que vão ter os clubes que estão entre o 10.º e o 20.º lugar na Europa em termos de receita daqui a cinco anos.” Esta meta serve como um reflexo da determinação do Benfica em afirmar-se num mercado competitivo.
Preparação para o Mundial de Clubes
Com a aproximação do Mundial de Clubes, Catarino destacou a importância deste evento para o futebol português e para o Benfica: “O foco, neste momento, tem de ser o Mundial de clubes, que começa daqui a duas semanas. O foco tem de estar na preparação da época, que é bastante atípica para os clubes que estão no Mundial.” Os desafios de um calendário apertado e a necessidade de manter a competitividade vão ser cruciais para o clube.
Além disso, a questão das negociações para o naming do estádio foi também mencionada. Catarino comentou: “Não quero anunciar. Definimos sempre primeiro o perfil de parceiro. Sabemos, definimos. Queremos grandes marcas.” Este desejo por parcerias sólidas reflete a necessidade de valorizar ainda mais o produto Benfica.
A Popularidade do Benfica
Catarino concluiu com uma declaração que destaca o peso do Benfica no futebol português: “Se fizermos uma lista dos 20 jogos mais vistos em Portugal, 17 são do Benfica. E são 17 porque só há 17.” Esta afirmação não só reforça a popularidade do clube, como também a necessidade de que o seu valor seja respeitado no novo cenário de direitos televisivos e parcerias comerciais.
A visão de Nuno Catarino reflete um claro compromisso do Benfica em não apenas participar, mas liderar e inovar no contexto do futebol nacional, sempre em busca da valorização do desporto em Portugal.