Nuno Catarino destaca desafios e ambições do Benfica em conferência

  1. Nuno Catarino discute centralização dos direitos
  2. Valor do Benfica é crucial para o futebol
  3. Benfica não está vendedor no mercado
  4. Meta de 500 milhões em cinco anos

Nuno Catarino, CFO do Benfica, foi um dos convidados da 3.ª Conferência Bola Branca, da Renascença, onde abordou a questão da centralização dos direitos televisivos. Ele alertou: “Temos de pensar se ao darmos um passo em frente não estamos a dar um passo para o precipício. Basta dar um passo atrás, refletir sobre como tornar o produto melhor e dar dois passos em frente.” Numa altura em que a centralização dos direitos está a gerar discussões, Catarino sublinhou a necessidade de refletir sobre a situação atual antes de avançar com mudanças.

A centralização está a levantar diversas interrogações sobre o valor que o Benfica traz ao futebol português. “Queremos trabalhar para a valorização do futebol português. O objetivo principal é valorizar o futebol português, mas ao valorizarmos o Benfica estamos a valorizar o futebol português. Queremos promover o espetáculo e o produto, mas sem darmos um passo atrás”, afirmou o CFO, enfatizando que a distribuição de valores deve ser discutida apenas depois de se criar um produto melhor.

Visões sobre a Centralização dos Direitos Televisivos

Catarino destacou que “cada mercado tem as suas regras. A forma como se distribui é talvez o menos importante. Passamos demasiado tempo a falar como é que vamos distribuir coisas que ainda nem sequer criámos. Primeiro temos de criar um produto melhor, há condições para isso. Os nossos jovens têm um talento nato.” Esta reflexão evidencia a sua preocupação com os investimentos em infraestruturas, comparando-os com as fundações de uma casa: “quando construímos uma casa, começamos pelas fundações.”

Segundo ele, a questão do valor do futebol português é fundamental: “Trabalhei 25 anos como consultor de negócios e há uma regra básica: as coisas valem o que as pessoas pagam por elas.” Sem coragem e inovação, a ambição da Liga pode tornar-se contraproducente, e Catarino alerta: “Se não tivermos o arrojo de pensar diferente e só discutirmos chaves de distribuição de uma coisa que não está criada, vai correr inevitavelmente mal. O Benfica não está disposto para contribuir para discussões estéreis.”

Transferências e Estratégia de Plantel

Outro tema abordado foi o mercado de transferências, onde Catarino afirmou: “O Benfica não está vendedor. Não está pressionado para vender.” Contudo, reconhece que ajustes no plantel são necessários: “São os pequenos ajustes que terá de se fazer.” Este equilíbrio entre venda e compra é vital para manter a competitividade desejada.

A ambição do clube está clara na visão de Catarino, que disse: “Chegar aos 500 milhões tem várias lógicas e substâncias por trás. É o número que acreditamos que vão ter os clubes que estão entre o 10.º e o 20.º lugar na Europa em termos de receita daqui a cinco anos.” Esta meta serve como um reflexo da determinação do Benfica em afirmar-se num mercado competitivo.

Preparação para o Mundial de Clubes

Com a aproximação do Mundial de Clubes, Catarino destacou a importância deste evento para o futebol português e para o Benfica: “O foco, neste momento, tem de ser o Mundial de clubes, que começa daqui a duas semanas. O foco tem de estar na preparação da época, que é bastante atípica para os clubes que estão no Mundial.” Os desafios de um calendário apertado e a necessidade de manter a competitividade vão ser cruciais para o clube.

Além disso, a questão das negociações para o naming do estádio foi também mencionada. Catarino comentou: “Não quero anunciar. Definimos sempre primeiro o perfil de parceiro. Sabemos, definimos. Queremos grandes marcas.” Este desejo por parcerias sólidas reflete a necessidade de valorizar ainda mais o produto Benfica.

A Popularidade do Benfica

Catarino concluiu com uma declaração que destaca o peso do Benfica no futebol português: “Se fizermos uma lista dos 20 jogos mais vistos em Portugal, 17 são do Benfica. E são 17 porque só há 17.” Esta afirmação não só reforça a popularidade do clube, como também a necessidade de que o seu valor seja respeitado no novo cenário de direitos televisivos e parcerias comerciais.

A visão de Nuno Catarino reflete um claro compromisso do Benfica em não apenas participar, mas liderar e inovar no contexto do futebol nacional, sempre em busca da valorização do desporto em Portugal.