A Experiência do Adepto em Declínio no Futebol Português: Uma Análise Crítica

O futebol em Portugal enfrenta um desafio crescente: a experiência do adepto parece estar a ser negligenciada, com estádios cada vez mais vazios e uma transmissão televisiva que falha em conectar o público com o jogo. Esta desconexão, que se manifesta tanto nas bancadas como em casa, levanta sérias questões sobre o futuro do desporto no país e a sua capacidade de atrair e manter o interesse dos fãs.

Este artigo explora as causas desta situação, analisando a falta de investimento, a qualidade das transmissões televisivas e o impacto da ausência de adeptos nos estádios. O objetivo é fornecer uma análise crítica e construtiva, visando promover uma reflexão sobre as prioridades do futebol português e a importância de colocar o adepto no centro das decisões.

Estádios Vazios e a Experiência Presencial

A diminuição da afluência aos estádios é um problema evidente. Apesar do apoio fervoroso de alguns adeptos, como os do Rio Ave, a realidade é que muitos recintos desportivos apresentam bancadas com espaços vazios. Esta situação reflete a falta de atratividade do produto futebol, a dificuldade de conciliar os horários dos jogos com a vida dos adeptos e, em alguns casos, a falta de condições nos próprios estádios.

A experiência nos estádios é crucial para a paixão pelo futebol. O ambiente, a camaradagem e a emoção de assistir a um jogo ao vivo são elementos que a televisão não consegue replicar. A falta de investimento em infraestruturas e a ausência de iniciativas para atrair e reter os adeptos podem comprometer a ligação emocional com o clube e o desporto.

A Qualidade das Transmissões Televisivas: Uma Desilusão

A forma como os jogos são transmitidos na televisão é outro ponto crítico. Muitas vezes, a realização televisiva falha em captar a essência do jogo e a atmosfera vivida nos estádios. As câmaras mal posicionadas, a falta de planos que mostrem a interação entre os adeptos e o jogo, e a ausência de ângulos que permitam uma imersão completa na partida são problemas recorrentes.

A falta de ligação visual entre o público e o jogo é um dos maiores problemas. Como refere o autor, “a lente está de costas para o povo. Falta essência”. Esta falha não é apenas um detalhe técnico, mas sim um reflexo das prioridades que, por vezes, não colocam o espetáculo no centro das atenções. A consequência é a desilusão do telespetador, que não consegue sentir a emoção do jogo.

A Falta de Investimento e as Soluções Inovadoras

A falta de investimento em soluções que privilegiem a experiência do adepto é um fator determinante. Questiona-se a falta de engenho para encontrar soluções, especialmente quando é evidente a capacidade de inovação em outras áreas, como a instalação de uma câmara para o VAR.

Se o objetivo fosse colocar o espetáculo no centro das decisões, certamente seriam encontradas soluções para melhorar a experiência do adepto, tanto nos estádios como em casa. O investimento em tecnologia, em ângulos de câmara inovadores e em narrativas que conectem o público ao jogo é fundamental.

O Desequilíbrio da Liga e o Impacto nos Adeptos

O desequilíbrio da liga portuguesa é um problema de fundo. A diferença de recursos entre os clubes, a concentração de poder nos grandes e a falta de uma competição mais equilibrada afastam os adeptos dos estádios e da televisão. Os clubes parecem não estar preocupados com as baixas afluências porque as receitas de bilheteira representam uma curta percentagem em comparação com a grande fatia dos direitos televisivos.

Uma liga mais equilibrada, com maior competitividade e capacidade de gerar emoção, seria um fator crucial para atrair e manter os adeptos. A criação de incentivos para que os clubes invistam na experiência do adepto e na qualidade do espetáculo é essencial para o futuro do futebol português.

O Futuro do Futebol Português em Jogo

A falta de preocupação com a experiência do adepto pode comprometer o futuro do futebol português. Um campeonato que afasta o público das bancadas e da televisão corre o risco de se tornar uma prova periférica.

É urgente que os clubes, a liga e os órgãos de comunicação social se unam para repensar as prioridades e colocar o adepto no centro das decisões. A criação de um produto futebol mais atrativo, com estádios cheios, transmissões televisivas de qualidade e uma experiência envolvente, é crucial para garantir o sucesso do futebol português a longo prazo.

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