Durante o julgamento de Rui Pinto, o ex-diretor de tecnologia do Benfica, José Ribeiro, revelou que o clube sofreu uma série de acessos indevidos a ficheiros internos e campanhas de phishing pouco antes de informações confidenciais serem divulgadas no Porto Canal.
Segundo o testemunho de Ribeiro, estes acessos ocorreram durante a noite e partiram de endereços IP da Hungria e França, antecedendo as revelações feitas na estação de televisão. O antigo responsável tecnológico garantiu que os utilizadores das contas do domínio "slbenfica.pt", cerca de 1400, não se aperceberam destes acessos, que foram perpetrados por alguém com «conhecimentos informáticos acima da média» e com privilégios de administrador.
Alvo de ataques
Ribeiro confirmou ainda que as contas profissionais de figuras-chave do Benfica, como Rui Costa, Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira, foram alvo destes ataques. Segundo o seu testemunho, a informação recolhida não foi selecionada de forma específica, mas posteriormente os dados revelados no Porto Canal, nomeadamente valores de transferências de jogadores e informação sobre a gestão desportiva, foram de facto divulgados.
Além do Benfica, este esquema de acesso ilegal a informação confidencial terá visado outros clubes, a Liga, empresas, sociedades de advogados, magistrados e mesmo a Autoridade Tributária e a Rede Nacional de Segurança Interna.
Condenação de Rui Pinto
Rui Pinto, o criador do Football Leaks, foi pronunciado para julgamento em março de 2024, tendo sido amnistiado de 134 crimes, ao abrigo de uma lei aprovada em 2023. O hacker foi condenado a quatro anos de prisão com pena suspensa pelo Juízo Central Criminal de Lisboa. Adicionalmente, em novembro de 2023, Rui Pinto foi condenado a seis meses de prisão, também com pena suspensa, por aceder ilegalmente a emails do PSG em França.