A partida de Manuel Sérgio marca o fim de um ciclo, mas a sua inovação e pensamento já se enraizaram e continuarão a fazer escola. Belenense dos quatro costados, Sérgio foi uma figura enriquecedora que juntou dois mundos aparentemente distantes - a academia e o desporto - e mostrou a falta de dimensão de quem não conseguia compreender a importância do futebol e do desporto em geral.
Amigo de longa data do jornal A BOLA, Sérgio concedeu a sua última entrevista televisiva ao histórico diretor Vítor Serpa. Foi através das páginas do jornal e do site que Sérgio fez chegar às massas muito do seu «pensamento arejado», que se manteve até ao fim.
Poder-se-ia dizer que com Sérgio se encerra um ciclo, mas tal seria mentira. A sua inovação já fez escola e a sua mensagem perdurará. Ficará para a história a parceria com Jorge Jesus, um académico que «aprendeu com o empírico Jesus», e um empírico que mostrou ser muito mais do que aparentava, «graças aos ensinamentos de Sérgio».
Sérgio deve ficar como exemplo de alguém que viu e percebeu antes dos outros a importância do desporto, particularmente do futebol, como um dos principais fenómenos sociais dos últimos 150 anos. Sem ele, sentir-nos-emos mais pobres, mas o seu legado perpetuará a sua memória como alguém que defendeu a inevitável comunhão entre a academia e o desporto, entre a mente e o corpo.