Um estudo detalhado sobre a situação financeira do Benfica, apresentado esta sexta-feira em Lisboa, revelou que o clube da Luz enfrenta um passivo de 483 milhões de euros e uma dívida de 61 milhões que terá de ser saldada em apenas um ano.
O estudo, liderado pelo investigador João Duarte da NOVA SBE a pedido de um grupo de sócios do Benfica, entre os quais Marco Galinha, analisou dados públicos e apontou que o clube acumulou prejuízos de 47 milhões de euros desde a época 2011/12, sendo que 38 milhões foram nos últimos três anos, durante a presidência de Rui Costa.
Aumento da dívida e gastos com transferências
Para financiar estes prejuízos, o Benfica tem recorrido a dívida, com a dívida líquida a duplicar nos últimos quatro anos, passando de 100 milhões para 200 milhões de euros. Consequentemente, a despesa anual com juros aumentou de 7 milhões para 16 milhões de euros.
O estudo também analisou o impacto das transferências de jogadores nas contas do clube. Nos últimos três anos, o valor bruto das vendas aumentou 30%, de 112 milhões para 146 milhões de euros por época. Porém, no mesmo período, o valor das compras de jogadores aumentou 200%, de 27 milhões para 81 milhões de euros por ano.
Custos elevados com intermediários
Outro dado relevante é que, entre 2021 e 2023, o Benfica gastou 53 milhões de euros em serviços de intermediação nas transações de jogadores. Assim, dos 65 milhões de euros brutos que o Benfica ganhou com compras e vendas, apenas 10 milhões entraram nos cofres do clube. Ou seja, por cada euro ganho, o Benfica arrecadou apenas 15 cêntimos.
Em comparação, o Sporting ganhou 84 cêntimos por cada euro e o FC Porto 28 cêntimos, nos mesmos tipos de transações. Segundo João Duarte, este dinheiro perdido deve-se a custos de intermediação, compromissos com terceiros e mecanismos de solidariedade.