O regresso da Champions
A Champions está de volta e com todas as decisões por definir. Benfica e Sporting ainda estão na luta por uma vaga direta nos oitavos de final e encontram-se, para já, em lugar de play-off. Porém, a beleza do novo formato é que nenhum clube da primeira metade da tabela tem a sua situação definida. Ou melhor, os dois primeiros, Liverpool e Barcelona, sabem que o pior que lhes pode acontecer é terem de passar pela eliminatória intermédia, enquanto os alemães do RB Leipzig, os eslovacos do Slovan Bratislava e os suíços do Young Boys apresentam-se para a ronda já eliminados e a jogar pela honra.
Benfica recebe o Barcelona
Os encarnados não têm tarefa nada fácil e são os primeiros a entrar em ação. É um Barcelona de ataque, o melhor da fase de grupo com 21 golos — média de 3,5 por partida —, aquele que vai pisar hoje o relvado do Estádio da Luz. Um Barcelona que, a exemplo do rival português, já atravessou a sua própria crise, que coincidiu com a ausência do menino-prodígio Lamine Yamal, mas que agora volta a exibir todo o seu poderio.
Desses 21 tiros certeiros, sete pertenceram ao ponta de lança polaco Robert Lewandowski e seis a um Raphinha fenomenal, bem acima do registo daquele extremo tímido, ainda assim muito aplaudido pelas bancadas de Alvalade. Iñigo Martínez e Ferrán Torres apontaram dois golos cada e os restantes quatro distribuem-se por Lamine Yamal, Fermín López, Dani Olmo e Camara, este do Young Boys, que não evitou um autogolo no embate entre as duas equipas.
Do lado dos encarnados, há a contrapor um 15.º registo ofensivo, com dez golos, três dos quais de Akturkoglu. O compatriota Kokçu leva dois, Bah, Amdouni, Arthur Cabral, Di María e Pavlidis têm todos um.
A defesa do Barcelona
No plano defensivo, o conjunto de Hans-Dieter Flick tem sido algo permissivo, com sete golos consentidos, o pior registo entre os oito primeiros, a par dos franceses do Lille. Curiosamente, Anatoliy Trubin já sofreu os mesmos, tendo cumprido todos os minutos possíveis na competição à guarda da baliza das águias.
O problema da defesa menos sólida dos catalães pode estender-se à liga do seu país, onde têm sido sobretudo menos impositivos diante dos mais fracos: 23 golos sofridos em 20 partidas, mais do que Real Madrid, Atlético Madrid, Athletic Bilbao, Maiorca, Real Sociedad e Getafe. No ataque, também existe paralelismo. São 52 golos já marcados e o melhor ataque de longe, com mais cinco do que os merengues.
O estilo de jogo do Barcelona
Curiosamente, o emblema espanhol é apenas o 12.º em remates (89, contra 80 do português, 15.º), crescendo para 8.º nos enquadrados (37, contra 35, 12.º), muito longe de um avassalador Manchester City (124, 1.º; 44 à baliza, aqui atrás de Bayern, com 55, PSV, 48, e Liverpool, 45). O 6.º posto culé (55,7%) na posse de bola confirma uma ideia diferente do tiki-taka a vingar nos blaugrana — City, Bayern, PSG, Estugarda e Dortmund alcançam melhor registo; o Benfica consegue apenas 45,7% (24.º) —, tal como a quantidade de passes efetuados que os leva ao 7.º posto. São apenas décimo quartos em passes certos, ainda assim bem melhor do que o 26.º degrau, ocupado pelos encarnados.
O jogo do Benfica
Os homens de Bruno Lage entram para a penúltima jornada como a terceira equipa com mais cruzamentos bem-sucedidos (30,6%), embora sejam dos que menos recorrem a essa estratégia (85, 21.º), apenas atrás do Dortmund (34,6%) e do… Sporting (34,5%). O Barcelona surge em 21.º, com 21,9%.
Se os dois rivais apresentam o mesmo número de cantos (28, 16.º), a quantidade de ataques cai com facilidade para o lado de Flick e companhia (288, 12.º, contra 243, 18.º), tal como os dribles (113, 3.º, contra 81, 21.º).
No plano defensivo, sobressaem as 268 bolas recuperadas pelos portugueses, que os levam ao 5.º lugar, bem acima das 212 catalães (27.º), embora os dois emblemas andem perto nos desarmes bem-sucedidos (39 contra 37, favoráveis às águias). Os franceses do Brest surpreendem no primeiro registo, com a inversão de 292 posses de bola, à frente dos espanhóis do Atl. Madrid, reconhecidos pela mentalidade never say die, que já reconquistaram 286 vezes o esférico.
O Sporting em Leipzing
O Sporting entra amanhã em ação, na Alemanha, diante do RB Leipzig. Os números dos leões não impressionam: 23.º em ataques (226), ligeiramente acima dos alemães (217, 24.º), 24.º em dribles (79, aqui igual ao próximo adversário), 32.º em desarmes completos (63) contra o 24.º posto do rival (80), 35.º em bolas recuperadas (189), só melhor do que o Milan (177) e muito distantes do conjunto da Red Bull (232, 16.º), só para destacar alguns rankings. Seja como for, vencer é imperativo.