Após a derrota da sua equipa frente ao Benfica na Taça de Portugal, Pedrinho, o capitão do Pevidém, mal conseguia articular as palavras, em choro emocionado. Porém, o cronista Jorge Pessoa e Silva vê «muito do melhor que a vida tem» naquelas lágrimas.
Pedrinho não chorou por fascínio especial pelo Benfica ou admiração por qualquer jogador das águias, mas por um «profundo orgulho de ser jogador do Pevidém, pelas suas gentes, por uma vila que foi tão grande quanto Lisboa». O jogo da Taça foi para ele um «segundo ponto alto de 2024, de uma certa maneira uma nova romaria identitária».
A "prova rainha" do futebol português
A Taça de Portugal é descrita pelo cronista como «uma prova linda, autêntico serviço público que põe os portugueses a descobrir... Portugal» e «uma prova absolutamente democrática», que permite que «todos se possam sentar à mesma mesa». Por isso se chama «prova rainha», à imagem de D. Isabel, tornando os jogos não numa luta de David contra Golias, mas num «permanente milagre das rosas».
Aos 33 anos, Pedrinho confessou: «Tive uma carreira que muitos apelidam de fracassada. Podia ter ido a outros patamares, mas fui feliz. Estou feliz e isso ninguém me tira». Para o cronista, Pedrinho, «como homem, atingiu um patamar que [o] faz admirá-lo profundamente». Percebeu que «a felicidade não está nos lugares onde nunca estiveste e gostarias de ter ido» e que «a realização profissional depende apenas do que deste de ti em cada momento e em cada local».
A paixão pelo futebol
O texto estabelece um paralelismo entre Pedrinho e os fundadores do Sheffield Football Club, o mais antigo clube de futebol do mundo, que celebra 167 anos em 2024. Ambos partilham a «paixão pelo futebol. Pura paixão», independentemente dos patamares atingidos. Nas lágrimas de Pedrinho, o cronista vê «muito do melhor que o futebol tem» e «muito do melhor que a vida tem».