Baixa participação na Assembleia Geral do Benfica levanta questões sobre representatividade

  1. Benfica tem 115.681 sócios com capacidade eleitoral
  2. Apenas 1.644 sócios participaram na última Assembleia Geral, 1,4% do total
  3. Nas últimas eleições, 40.085 sócios votaram
  4. Bastavam 1.233 sócios para perfazer os 75% necessários para alterar os estatutos

As Assembleias Gerais (AG) do Benfica têm sido alvo de críticas devido à baixa participação dos sócios, apesar da importância das decisões tomadas nestes encontros. Segundo dados oficiais, o Benfica tem 115.681 sócios com capacidade eleitoral, mas na última AG, realizada no sábado, apenas 1.644 estiveram presentes, o que corresponde a apenas 1,4% do total.

Nas últimas eleições do clube, há quase três anos, votaram 40.085 sócios, um número muito superior aos que compareceram na AG de sábado, que decidia sobre matéria constituinte e que requeria três quartos dos votos para ser aprovada. Isto significa que, de um universo de 115.681 sócios aptos a participar, bastavam 1.233 para perfazer os 75% necessários para alterar os estatutos.

Questões sobre a representatividade

Para um analista, esta realidade levanta questões sobre a real representatividade das decisões tomadas nas AG do Benfica. «Num clube de bairro, resolver os assuntos através de uma Assembleia Geral é adequado, e sê-lo-á, também, num clube de cidade. Quando a dimensão do emblema ultrapassa este âmbito, por uma questão de justiça, para que uns, por razões geográficas, não sejam discriminados positivamente, para que as decisões tomadas sejam inclusivas e vinculem os principais ativos dos clubes – os sócios – a fórmula tem de ser outra», afirma.

Proposta de Assembleia Delegada

Uma possível solução apontada seria a criação de uma Assembleia Delegada, onde cada votante representasse, por exemplo, cem sócios, à semelhança do que acontece no Real Madrid. «A meu ver, para os clubes que querem continuar a viver sob o primado dos sócios, e não dos investidores, só esta solução poderá, eficazmente, compatibilizar passado e futuro, fazendo com que todos se sintam incluídos e representados», defende o analista.

Incidente na última Assembleia Geral

A última AG do Benfica ficou também marcada pela demissão do presidente da Mesa da Assembleia Geral, Fernando Seara. Segundo apurou o jornal O JOGO, Seara sentiu-se atingido na sua dignidade pessoal, da própria função que exerce como líder máximo do Benfica e do próprio clube, devido a insultos de que foi alvo durante a reunião.

A aprovação, na generalidade, da proposta de alteração dos estatutos do Benfica apresentada pela Direção acabou por ficar ofuscada por este incidente. O Benfica atravessa uma fase delicada do ponto de vista desportivo, social e económico, e a entrada de Bruno Lage como treinador principal teve um primeiro efeito libertador e agregador, que foi suficiente para a equipa recuperar a alegria e conseguir dois triunfos importantes. No entanto, o caminho é estreito e ladeado por areias movediças, e os triunfos do futebol serão essenciais para não precipitar nenhum desenlace nesta fase de instabilidade externa.

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