Com a temporada de basquetebol feminino quase a começar, A BOLA conversou com o treinador das campeãs Eugénio Rodrigues. Um ferrenho benfiquista que, aos 54 anos, está a viver muito além do que imaginou quando o convidaram para liderar a equipa do Benfica.
Rodrigues partilhou a sua visão de jogo e os critérios que tem em conta quando constrói uma equipa, analisou cada um dos três títulos que conquistaram nos últimos anos, o que gostaria de ver modificado na competição para a sua evolução, bem como a possibilidade de Portugal vir a ter, num futuro próximo, uma jogadora ao nível de Ticha Penicheiro na WNBA.
## A procura do talento português
«Acho que podemos ter um naipe de jogadoras que num futuro próximo possam brilhar, algumas até já estão em Espanha com uma carreira internacional interessante, mas não ao nível da Ticha. Não sei. Temos aí uma miúda talentosa, que já está na NCAA... quem sabe. As variáveis são tantas que não torna as coisas fáceis», afirmou Eugénio Rodrigues.
Ainda assim, o treinador do Benfica considera que «já ficaria satisfeito, a título pessoal, que tivéssemos jogadoras em campeonatos como os de Espanha, França, Itália... Seria interessante. Aliás, já vamos tendo basquetebolistas em campeonatos top 7 da Europa».
Segundo Eugénio Rodrigues, «a atleta portuguesa tem vindo a vingar pontualmente pela sua capacidade de trabalho, profissionalismo e que acaba por ser uma agradável surpresa para quem as contrata». «Depois é uma questão de talento e se se identifica melhor ou não com aquele projeto ou treinador», acrescentou.
## O desafio de brilhar lá fora
Questionado sobre a possibilidade de rumar a outros clubes no estrangeiro, Eugénio Rodrigues afirmou: «Neste momento, sentindo-me bem como me sinto no Benfica e tendo a mesma realidade familiar, acho difícil, mas é uma porta que nenhum profissional fechar. Até porque é também uma questão de desafio e nunca sabemos o dia de amanhã, sobretudo nos grandes clubes [risos]. Essa ideia faz parte do nosso dia a dia».
O técnico do Benfica deu o exemplo de Laura Ferreira, que passou pelo clube da Luz, referindo que «trata-se de alguém que quando é contratada é pelas melhores razões, não por não haver mais ninguém ou a necessidade de uma europeia».