O defesa-esquerdo alemão Robin Gosens, que está no radar do Benfica para a próxima temporada, apelou a uma maior atenção à saúde mental dos atletas profissionais de futebol. Numa entrevista à televisão alemã ZDF, o jogador do Union Berlim, de 29 anos, revelou o sofrimento que sentiu quando ficou de fora do Euro 2024 pela Alemanha.
«Para mim, foi o despedaçar de um sonho de toda uma vida, o despedaçar de um mundo. Não sabia como lidar com isso e, sobretudo, não sabia como sair dessa situação, depois de uma época dececionante, lutando para manter o clube na Bundesliga», explicou Gosens.
A Psicologia no futebol profissional
Gosens, que tem uma licenciatura em Psicologia, defende que os clubes devem ter psicólogos a trabalhar com os jogadores. «Não pode simplesmente acontecer que a Psicologia continue a ter um estatuto tão baixo no futebol profissional, mas também que continue a ter um estatuto tão baixo na sociedade em geral. Isso perturba-me e deixa-me muito triste.»
O lateral-esquerdo alemão criticou a ideia de que, por serem atletas de alta remuneração, os jogadores não podem sofrer de problemas mentais. «Só porque estamos a ganhar dinheiro, não significa que possamos comprar a nossa saúde com esse dinheiro.»
A pressão dos adeptos
Gosens também abordou a pressão que os jogadores sofrem por parte dos adeptos, especialmente nas redes sociais. «Quando a minha família, os meus filhos, também estão envolvidos, toda a estrutura familiar tem de ser analisada. Acho que é uma loucura, por isso tento sempre colocar-me na pele das pessoas que escrevem estas coisas.»
O defesa alemão frisou que, muitas vezes, esses ataques acontecem após más exibições dos atletas, que já se sentem frustrados e ressentidos. «Na pior das hipóteses, acabámos de jogar 90 minutos de mau futebol e talvez tenhamos marcado um autogolo ou feito um mau passe que levou a um golo e à derrota da equipa. Essa é a pior coisa que posso fazer como futebolista. É brutal.»
A importância da saúde mental
Gosens revelou que costuma ficar muito tenso antes dos grandes jogos, mas que nunca tem medo de entrar em campo. Contudo, admitiu que o não ter sido convocado para o Euro 2024 foi um duro golpe para si.
«Não se trata apenas de não estar lá e seguir em frente. Não, um mundo desmoronou-se para mim. Foi por isso que aprendi que falar com um psicólogo como forma de desabafo ajuda muito.»