Cristiano Piccini, ex-jogador do Sporting, partilhou os desafios que enfrentou relacionados com a sua saúde mental durante a carreira no futebol. Em uma reflexão sobre o impacto negativo que as críticas nas redes sociais tiveram sobre ele, Piccini admitiu: ““Entrava no Twitter, escrevia 'Piccini' e tinha o dia estragado. Cinco deles podiam dizer coisas boas e três coisas más, mas eu concentrava-me nesses três.””
Essa pressão fez com que se sentisse como um jogador de m****
aos olhos dos adeptos, mesmo antes de chegar a Lisboa. O ex-lateral destacou a necessidade de se desconectar da opinião pública para competir ao mais alto nível, especialmente na Liga dos Campeões.
Na procura de alívio, Piccini começou a praticar ioga e a conversar com um professor, revelando: ““Quando estava no Sporting, comecei a fazer ioga e encontrei um professor com quem conversar.””
Esta mudança foi crucial para a sua recuperação emocional, pois reconheceu que era fundamental ““ser honesto contigo próprio””
e libertar-se da negatividade que o rodeava. Piccini apelou ao mundo do futebol para que a saúde mental seja levada a sério, afirmando que, assim como os clubes cuidam das lesões físicas, deveriam também apoiar os jogadores em suas questões emocionais: ““O clube, assim como faz com o fisioterapeuta quando há uma lesão, deveria ter alguém que possa ajudar a assimilar este processo e depois a superá-lo.””
Relação com os Adeptos
Refletindo sobre a sua passagem pelo Real Betis, Cristano Piccini expressou as dificuldades que teve em relação aos adeptos e como isso afetou a sua performance. Ele afirmou: ““Fui massacrado [pelos adeptos] porque não era visto como profissional - e eles tinham razão.””
Piccini também falou sobre o impacto de uma lesão severa e a pressão constante por resultados, revelando: ““Voltei de lesão, fiz três golos e três assistências e eles continuavam a atacar-me.””
A pressão externa, aliada à sua luta interna, culminou num estado de depressão, que o ex-jogador descreveu como: ““Super agressivo, irritado com o mundo, ninguém me suportava por causa do nervosismo e da negatividade que eu demonstrava. Andava triste e deprimido, não tenho vergonha de o dizer.””
O isolamento e os traumas vividos deixaram-no em momentos de desespero e solidão, recordando: ““Muitas noites que esperei que a minha esposa fosse dormir para que ela não me visse a chorar inconsolavelmente.””
Apelo pela Solidariedade
Por fim, Piccini defende que a comunidade desportiva deve ser mais solidária. Ele sublinhou: ““Esqueçam a questão de se ganhar muito dinheiro e o resto... Quando se deixa alguém sozinho com dor, ele fica mal.””
Esse apelo sincero destaca a necessidade urgente de uma abordagem mais humana e atenta à saúde mental no futebol, uma área que não pode ser ignorada na busca pela excelência.