Seleção Checa promete «vender caro» os 90 minutos com Portugal
A seleção portuguesa vai enfrentar uma República Checa com «bastante resiliência» no arranque do Euro2024 de futebol, na terça-feira, segundo a análise do treinador Rui Amorim, que comanda o Znojmo, do terceiro escalão checo.
«Eles são extremamente competitivos, intensos, adeptos do trabalho e respeitadores das hierarquias. Não me espantará que lutem pelo jogo até ao final. Prevejo que Portugal se imponha pela maior qualidade individual e, sobretudo, coletiva, mas acho que os checos vão vender bastante caro esses 90 minutos», disse Rui Amorim à agência Lusa.
República Checa: «outsider» no grupo de Portugal
Portugal e República Checa medem forças na terça-feira, a partir das 21:00 locais (20:00 em Lisboa), na Red Bull Arena, em Leipzig, na Alemanha, em duelo da primeira ronda do Grupo F da 17.ª edição do Campeonato da Europa.
«Vão encarar sempre Portugal como o opositor mais forte e tudo aquilo que conseguirem fazer para contrariar esse favoritismo é uma vitória para eles. Por aquilo que vejo, podem ser um 'outsider' no grupo, sendo que as expectativas não estão muito elevadas», traçou Rui Amorim.
Seleção Checa: forte no aspeto físico
Segundo o treinador português, os checos são «bastante disponíveis e fortes no aspeto físico, que começam a evoluir desde idades muito jovens». «Trabalhamos com alguns atletas dos sub-19 no Znojmo e eu gosto de falar com eles para perceber um pouco mais da realidade. Dizem-me que, por vezes, passam mais tempo no ginásio do que no próprio campo. Já podemos ver por aqui o cuidado que dão ao físico», contextualizou.
Jogo direto e transições rápidas da República Checa
«A nível tático, usam o jogo direto, são práticos e revelam impaciência com bola. Sentem-se muito confortáveis num jogo de transições e podem causar dificuldades por aí à toada tipicamente mais latina de Portugal. Pela compleição física e mentalidade, eles apostam na bola parada e esse é o momento em que sentem que podem tirar vantagem», avaliou Rui Amorim.
Soucek e Schick: as principais ameaças checas
O perigo surge da «qualidade e experiência» do médio e capitão Tomás Soucek, oriundo do West Ham, da Liga inglesa, e do avançado Patrik Schick, que ajudou o invicto Bayer Leverkusen a sagrar-se campeão germânico pela primeira vez em 2023/24 e foi um dos melhores marcadores do Euro2020.
Respeito português pelos ídolos checos
«Os checos são grandes admiradores do nosso estilo de jogo e da qualidade do jogador português e mostram um profundo respeito por ícones como José Mourinho e Cristiano Ronaldo. Por isso, é normal - e já aconteceu diversas vezes - encontrar aqui crianças a passear na rua com camisolas da seleção nacional e do Ronaldo», atestou Rui Amorim.
Futebol checo: mentalidade fechada
O futebol da República Checa, oponente de Portugal na estreia no Euro2024, na terça-feira, confunde-se com uma mentalidade social fechada, enquadra o treinador Rui Amorim, do Znojmo, do terceiro escalão checo.
«É um futebol muito fechado neles próprios. Se calhar, também é por isso que não se vê tantos jogadores checos a saírem para os principais campeonatos europeus. Quando tal acontece, têm dificuldade de adaptação», lamentou.
Poucos treinadores estrangeiros na República Checa
«Nunca fiz esse exercício, mas devem-se contar pelos dedos os treinadores estrangeiros que estão no país. Se o dono do meu clube fosse de cá, com toda a certeza que eu não estaria aqui a treinar, mas sim um checo. Esta é a realidade. Os outros países evoluíram, ao abrirem as portas a atletas e técnicos estrangeiros, mas não vemos isso por cá, o que leva a que o próprio futebol checo, e, neste caso, a seleção, sejam prejudicados», julgou Rui Amorim.
O Znojmo, um clube diferente na República Checa
Longe desse espetro competitivo e identitário progride o Znojmo, quarto classificado do terceiro escalão, que passou a ser orientado em outubro de 2023 pelo técnico portuense, de 47 anos, em substituição do compatriota Luís Silva, e que reúne 26 futebolistas de 15 países diferentes, num plantel encimado por nove portugueses, contra apenas um checo.
«O dono do clube é árabe, gosta das características do jogador português e queria cortar com os paradigmas que já existem neste país e que são grandes, ao trazer uma filosofia completamente diferente. Penso que não há nenhum clube da III Liga que seja falado na imprensa como o nosso, que é chamado de seleção estrangeira. Esta é uma das formas que o dono encontrou para dar mais visibilidade ao projeto. Até ao momento, tem surtido efeito, porque temos muitos olheiros nos jogos e isso é bastante interessante», partilhou.