Luís Neto sai do Sporting com saudades e orgulho após 5 anos de leão ao peito

  1. Luís Neto vestiu a camisola do Sporting em 107 ocasiões nos últimos 5 anos
  2. O central ainda não decidiu se vai continuar a carreira de jogador
  3. Neto atravessou uma época muito difícil com lesões e um pneumotórax
  4. O plantel do Sporting teve «conversas marcantes» que foram fundamentais para a conquista do campeonato
  5. Rúben Amorim trouxe uma nova mentalidade e exigência ao Sporting

Despedida emotiva de Luís Neto


Luís Neto é um dos jogadores que disse adeus ao Sporting no final da temporada. O defesa de 36 anos despediu-se e foi homenageado no último jogo em Alvalade, frente ao GD Chaves (3-0), e agora, concluída a temporada, expressou de forma emocional a aventura que viveu nos cinco anos de leão ao peito.

«A semana foi tensa, o choque é grande quando percebemos que as coisas acabam. É um ciclo que se fecha, mas acredito que a história não termina aqui», começou, emocionado, em entrevista à SportingTV. «Vesti a camisola do Sporting como se fosse a minha segunda pele. Sempre imaginei que seria diferente ganhar aqui, o Sporting é um clube diferente, especial. Um clube que gosta de obedecer a certos valores, um clube que gosta de ganhar bem, justo e em campo. Vou ter muitas saudades.»

A época mais difícil


Das cinco temporadas ao serviço do Sporting, a que terminou há um ano foi, segundo o próprio, a mais difícil. Neto fez apenas sete jogos, a maior parte deles no arranque, e atravessou muitas complicações com uma lesão e, depois, um pneumotórax.

«Acredito que nessa época iria dividir muitos jogos com o St. Juste. Estava no meu melhor momento no Sporting. Depois, tive uma lesão muito estranha no joelho, percebi que algo estava errado, até tinha receio de ser uma lesão mais grave. E na fase final da recuperação tive a infelicidade do pneumotórax. Roubou-me muito ao nível mental, emocional, físico», revelou, dizendo que chegou a pesar apenas 64 quilos.

«Ia à Academia só para fazer fisiorespiratória, não podia ter outro tipo de exercícios e o que mais me custou foi estar longe. Acaba por ser um caminho solitário, vamos a um horário diferente para a Academia, fazer vários exames. Depois voltei com as palmas de todos, consegui reinventar-me para um ano vencedor», contou o internacional português.

A conquista do título


Apesar das dificuldades, Neto considera que esta temporada foi «de tudo ou nada» para o Sporting, destacando as «conversas marcantes» entre os jogadores e a «resiliência do grupo» como fatores-chave para a conquista do campeonato.

«Tivemos muitas conversas em 2022/23. Aparentemente não, mas nós tínhamos um bom grupo. Toda a gente tinha boa relação, mas estava a faltar alguma coisa. E eu acredito que tivemos conversas muito marcantes entre todos. Tivemos mensagens do míster que repetiu várias vezes, que se nós não ganhássemos nada, algo terminava. Poderia existir um fecho de ciclo. Mas toda a gente deu uma grande resposta. Conseguimos, no desconforto, voltar a criar todas as condições para ganhar. Principalmente, a resiliência do grupo. A consistência e o facto de conseguirmos passar a mensagem que todos os três pontos eram importantes», explicou.

O papel secundário e a aceitação


Neto revelou ainda que em janeiro foi o «momento mais difícil da época» a nível emocional e mental, quando teve de aceitar um papel mais secundário na equipa. «Nunca me iria perdoar se chegasse ao final, o Sporting não fosse campeão e eu sentisse que não dei tudo. E sabia que isso ia comigo para o resto da vida. Muitas vezes temos de acalmar os demónios aqui dentro, dizer 'relaxa, isto agora é entre mim e a minha cabeça'. Exigiu muito de mim. Aceitei a minha posição e percebia que havia valor nela.»

Elogio a Rúben Amorim


O internacional português elogiou também o trabalho do treinador Rúben Amorim, destacando a «exigência» que o técnico trouxe ao Sporting. «Antes havia uma série de clichés, de que o Sporting não passava do Natal e que nas horas certas falhava. Ele passou o que os adeptos queriam, o 'vamos ganhar em qualquer campo', o 'vamos ser uma equipa chata', o 'vamos ser uma verdadeira equipa de leões esfomeados em campo'. Isso personifica-se nestas taças. Muita da mentalidade dele respira-se hoje na Academia», concluiu.